O SALÁRIO DO CRIME

A CONSCIÊNCIA E A OPORTUNIDADE


«Como Blair já provou, política é investimento»: eis o título de um artigo hoje publicado no DN, que nos conta a vida de Blair após a sua carreira de primeiro-ministro.

Primeiro, o drama: com quatro filhos a cargo, a pensão de antigo primeiro-ministro - «64 mil libras anuais (85 mil euros)» - não chegava.
É certo que a mulher «ganha fortunas como advogada», mas Blair não é homem «para depender dela». Vai daí, resolveu ganhar dinheiro. É de homem!

E o jornalista conta-nos os caminhos trilhados por Blair em busca de sustento digno para os filhos.

Numa primeira fase, Blair dispôs-se a «escrever as suas memórias» - pelo que recebeu, «de avanço, cinco milhões de libras».
Depois, fez umas palestras e arrecadou mais «500 mil libras».
Finalmente (até ver...) foi para «conselheiro» do banco norte-americano JP Morgan onde, graças à sua «experiência» e à sua «lista de contactos», vai ganhar «um milhão de dólares anuais (680 mil euros)» - com a vantagem de se tratar de um emprego em part-time.

Aí estão, confirmadas no Blair-chefe-de-família, as superiores qualidades do Blair-governante: sempre, sempre com os EUA no horizonte.

No entanto, ao que parece, o tacho de «conselheiro» do JP Morgan «caíu mal, sobretudo nos sectores de esquerda do Partido Trabalhista», pois vem quebrar «a tradição» de os ex-primeiros-ministros trabalhistas não terem «laços com o mundo dos negócios».
Mas o autor do artigo explica que Blair - certamente no quadro do seu objectivo de «reinventar a esquerda europeia» - «sempre foi pródigo em contrariar tradições do seu partido» - e remata, pragmático: «É tudo questão de consciência. E de oportunidade».
Claro: a consciência de que a função de lacaio rastejante de Bush viria a traduzir-se na oportunidade de receber o devido prémio.

E há que reconhecer que, se o prémio é este, Bush paga pouco.
Ou, se se preferir, Blair faz-se pagar mal - conhecida que é a ajuda que deu a Bush no assassinato de centenas de milhares de inocentes.
Por muito menos do que isto, qualquer gangster de terceira categoria lhe pagaria muito mais.


6 comentários:

Anónimo disse...

Quem poderá criar tribunais , para julgar estes assassinos?
Os usufrutuários dos roubos não são considerados ladrões porquê?
Que fazer?
LUTAR LUTAR LUTAR E MAIS LUTAR!
...E á quem se interrogue... lutar para quê?
Se não lutarmos tanto,então é que eles comem tudo!
josé manangão

Anónimo disse...

Houve um governante de má memória que acabou a vender pizzas. Blair lá chegará: se não forem pizzas serão petas para assembleias parolas que ainda pagam para ouvir ideias velhas e lições de quem, quando esteve no lugar em podia fazer alguma coisa de bom, se absteve de o fazer. Em nome, claro está, dos superiores interesses da sua...conta bancária.

Esquerda Comunista disse...

A hora dele há-de vir...

Anónimo disse...

E por cá também há uns discípulos dessa escola de reinvenção da esquerda europeia... mas é tudo tão antigo! Chama-se social-democracia, não é?
A traição "de classe".

Anónimo disse...

Assim se vê como a social-democracia é uma avenida para genocidas e ladrões.

Fernando Samuel disse...

josé manngão: lutar, lutar, lutar - não há outro caminho.
Abraço amigo.

aristides: o das pizzas, agora vende malas finas e também teve as suas palestras pagas a mais de 100 mil dólares cada uma - e, quer um quer outro, sempre, como dizes, em nome dos superiores interesses das suas contas bancárias.
Abraço amigo.

rui faustino: e talvez mais cedo do que ele próprio possa pensar...
Abraço amigo.

zambujal: «reinvenção da esquerda», «esquerda moderna», «nova esquerda», «temos» cá isso tudo devidamente traduzido e ao serviço dos mesmos patrões.
Abraço amigo.

antuã: e que grande e sombria e sangrenta avenida!
Abraço amigo.