VASCO, NOME DE ABRIL (3)

Por tudo o que antes se disse, recordaremos e saudaremos, hoje, a partir das 11H30, a memória do Companheiro Vasco, o seu exemplo de dignidade e de verticalidade, de frontalidade e de lealdade, de coragem e de patriotismo, de inteligência e de cultura, de modéstia e de vontade de saber, de lucidez e de coerência - qualidades que ele sempre complementou com uma postura de fraterna solidariedade.

Por tudo isso, ele ficará para sempre como referência maior da nossa luta e dos nossos sonhos - e, pelas mesmas razões, será sempre objecto do ódio dos grandes e poderosos e dos seus lacaios, que não lhe perdoam ter sonhado e lutado por um Portugal de justiça social e de liberdade - que não lhe perdoam, acima de tudo, ter demonstrado, na prática, que esse País novo é possível.

Por tudo isso, ele foi admirado por figuras maiores da Cultura portuguesa, por grandes artistas plásticos e escritores; por grandes músicos e cantores; por poetas que o cantaram - entre eles, Eugénio de Andrade, falecido dois dias após o falecimento do Companheiro Vasco, que lhe dedicou o seu belíssimo poema

O COMUM DA TERRA

«Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a transparência
também sabe que no verão pelas veredas
de cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tantas palavras que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
ventos areias mastros lábios, tudo ardia»


Por tudo isso, grandes políticos, com papel preponderante, crucial em alguns casos, na resistência ao fascismo e na Revolução de Abril, manifestaram profundo reconhecimento pelo seu papel.
Entre eles Álvaro Cunhal - que a morte nos levou, também, dois dias após nos ter roubado o Companheiro Vasco - que dele disse, referindo o fim do V Governo Provisório e a sua exoneração do cargo de primeiro-ministro e de efectivas responsabilidades militares:

«Conseguiram arredar do poder aquele contra o qual, utilizando os mais indignos meios e campanhas, tinham movido uma guerra sem quartel.
Sem quartel, porque, firme e corajoso, durante mais de um ano primeiro-ministro nos tempos cruciais da Revolução, deu tudo de si próprio para que em Portugal fosse criada uma sociedade mais justa e melhor.
Sempre com o povo, que o aclamava "força, força, Companheiro Vasco/nós seremos a muralha de aço".
Afastaram o general, afastaram o primeiro-ministro. Não afastaram o "Companheiro Vasco" do coração de muitas e muitas centenas de milhar de portugueses e portuguesas para quem a gratidão não é uma palavra vã».

Por tudo isso, o General Vasco Gonçalves é, será sempre, o que a linguagem certeira do povo decidiu que seja:

«Vasco, amigo, o povo está contigo»;

ou apenas: «Companheiro Vasco»;

ou, simplesmente «O General»;

ou, talvez ainda mais sentidamente, apenas e só «Vasco».

Vasco: nome querido entre os mais queridos.
Vasco: nome nosso entre os mais nossos - por isso, nome que se escolhe para dar aos filhos.
Vasco: nome de resistência e de luta.
Vasco: nome de firmeza, de coragem e de esperança.
Vasco: nome de futuro.

VASCO: NOME DE ABRIL.

16 comentários:

João Henrique disse...

Vasco: leva-nos sempre ao coração, leva-nos sempre ao «Companheiro Vasco».


Um abraço.

Justine disse...

Homem exemplar!Para que nunca seja esquecido o seu exemplo, a sua honradez, a sua honestidade!

Antuã disse...

Vasco a força da razão.

Maria disse...

Saio daqui emocionada, lembrando os dias tristes de há seis anos. Três grandes Amigos que partiram, de quem temos saudades, mas cuja partida nos dá mais força para continuarmos a LUTA! Só assim honraremos a sua Memória.

Um beijo grande e um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Vasco , nome que guardaremos como fiel operário da construção de Abril. Homem que não esqueceremos e que viverá eternamemte junto de quem o conheceu sempre jovem, sempre activo, sempre revolucionário.
Orgulhamo-nos de ti e sempre nos servirás de exemplo para a luta imperiosa que se aproxima.
Imensa saudade.

Um beijo para o Cravo de Abril cujo post, tão belo e tão forte, me emocionou.

Mário Pinto disse...

Um Homem novo português.


Abraço!

samuel disse...

Nome de amigo!

Abraço.

Anónimo disse...

Fernando Samuel
E está quase tudo dito.
Vitor sarilhos

Anónimo disse...

Vasco, é o nome da história.
É a luta de Gaio e Mario Gracchus, pela reforma agrária na república romana.
É a marcha de Wat Tyler sobre Londres.
É a revolução popular em Lisboa, em 1383.
É a força das circunstâncias de Robespierre e Saint-Just na Revolução Francesa.
É o 25 de Abril de 1974.
É a continuação das lutas que dominam a América do Sul, com Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales, Daniel Ortega e a recente vitória de Humala no Perú.

Vasco é um nome universal.

(Jorge)

O Puma disse...

Boa e saudosa memória viva

Para a Posteridade e mais Além disse...

resumindo o coronel da ditadura qe se passó prá revolução já se foi?

Anónimo disse...

ava n'tesma, o coronel era general e não era da ditadura.
Em vez de provocar aqueles que o recordam, aprenda a escrever português.

Mário Pinto disse...

Português?? Qu'é isso?

Bolota disse...

Força, Força Companheiro VASCO, nós seremos a muralha d´aço.

Anónimo disse...

ava n'tesma:

Quem abusa dessa fotografia (e da vítima) para se "identificar" na net e andar a escrever asneiras... não chega sequer a avantesma; é mesmo um filho da Puta. Tenha vergonha.

Anónimo disse...

Podes crer, Anónimo das 19:59.
Estou contigo. Este ava n'tesma é um verdadeiro estupor.