DIGAM LÁ, Ó TROIKAS, QUEM É AMIGO, QUEM É?

É assim a Igreja:
diz-se, em palavras, a favor dos oprimidos - age, de facto, a favor dos opressores;
promete benesses celestiais aos primeiros - favorece a abençoa as benesses terrenas dos segundos.
Com isto, conta sempre com o apoio de uns e dos outros:
os opressores apoiam-na olhando para os cofres; os oprimidos apoiam-na olhando para o céu...
E uns e outros dão graças a Deus quando o papa, o cardeal, o bispo, o padre (1) pregam as virtudes da caridade - perdão: da CARIDADE! - cuja é, como os opressores sabem e os oprimidos desconhecem, a Madre que alimenta toda esta hipocrisia.
E é assim - alimentando-se da fartura de uns; da miséria de outros; e das graças-a-Deus de todos - que a Igreja se vai governando.
E bem!

Vem isto a propósito das palavras ontem proferidas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa na procissão do Corpo de Deus - que, segundo os jornais, juntou em Lisboa 10 mil... ia escrever: oprimidos... mas escrevo: pessoas.
(é que os opressores raras vezes vão a estas coisas: eles sabem, desde tempos imemoriais, que tudo o que ali vai ser dito pelo orador de serviço é em seu benefício - e sabem que os oprimidos comparecerão em massa para aplaudir o orador. Ou seja: confiam absolutamente nos desígnios de Deus e dos seus representantes e representados na Terra...)

Então, foi perante um abundante e receptivo auditório, que D. José Policarpo fez o que tinha a fazer: pediu «ajuda para os que têm fome»;
e lembrou que «a Eucaristia é o sacramento da caridade»;
e asseverou que «a comunhão do Corpo de Deus introduz-nos na experiência da caridade»;
e garantiu que «a evangelização é uma exigência da caridade»...
E em verdade vos digo, irmãos - isto digo eu - que, depois disto, não há fome que resista a tanta caridade...

Portanto... há que esperar por ela - perdão: por ELA!
Portanto... sentai-vos, famélicos de Portugal, e orai!

Portanto... digam lá, ó troikas, quem é amigo, quem é?



(1): ou o presidente Cavaco que também prega caridade que se farta.

9 comentários:

Graciete Rietsch disse...

E os famélicos de Portugal, ao comungar, lá vão matando a fome.
Será isso o que o cardeal quis dizer?

Um beijo.

samuel disse...

Sempre ao serviço do polvo.

Abraço.

cid simoes disse...

Um porta-voz do céu lamentava-se:«ultimamente as dádivas são mais em géneros que em dinheiro». O Vaticano não aceita arroz?

O Puma disse...

Meu caro

não cite a igreja

dá azar

Maria disse...

Os famélicos de Portugal com consciência de que o são não se sentam. Levantam-se. E não oram. Lutam!
Troikas que os abrasasse...

Um beijo grande.

Antuã disse...

A caridade é um grande negócio.

Anónimo disse...

No meio desta pobreza franciscana, junta-se o coro de protesto com os tenores de cana rachada C.Silva e seus acompanhantes da pequena burguesia mendicante.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch; matando a fome... de revolta...
Um beijo.

samuel: sempre e sempre sem desfalecimentos...
Um abraço.

cid simões: parece que eles digerem melhor o dinheiro...
Um abraço.

O Puma: pronto, nunca mais faço isso...
Um abraço.

Maria: e só a luta acabará com a fome.
Um beijo grande.

Antuã: ó se é!...
Um abraço.

Anónimo disse...

Fernando Samuel e Antuã
Ainda gostava que alguém explicasse o que se passa com o Banco contra a fome: Como é que quem só vive de dádivas consegue uma empresa de tal envergadura - carros, armazéns, todo o material para a logistica, uma senhora administradora que não acredito que faça o que faz por altruísmo, etc...
Vitor sarilhos