A BOMBA
O primeiro sopro arrancou-lhe a roupa;
o imediato levou também a carne.
Ao longo da rua
durante alguns segundos correu o esqueleto.
Mas a rua já não estava,
estava toda no ar;
de lá caíam bocados de prédios, bocados
de crianças, restos de cadilaques...
O esqueleto não compreendia sozinho
aquela situação:
deixou-se tombar sobre algumas pedras radioactivas
e permitiu na queda o extravio de alguns ossos.
(Caso curioso: o coração
pulsou ainda três ou quatro vezes
entre o gradeamento das costelas.)
Egito Gonçalves
6 comentários:
Este poema é FORTÍSSIMO!
... e arrepiante, ainda.
Um beijo grande
De braço dado a guerra leva consigo, de um lado a morte, do outro o caos.
Um poema triste!
GR
Brutal!
beijos
Um último esforço de humanidade... apesar do caos.
Abraço.
O que eu tenho andado a perder:)) (outras coisas ganhei, não se pode ter tudo)
Parabéns pelo novo visual - VIVA!
Maria: «a guerra é a guerra»...
Um beijo grande.
GR: é a guerra...
Um beijo.
Ana Camarra: como a guerra...
Um beijo.
samuel: a diversificada condição humana...
Um abraço.
Justine: perde-se num lado, ganha-se noutro...
Um beijo.
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