Já se sabe que, em matéria desinformação organizada, não há pai para os média dominantes - e se acaso têm mãe, trata-se, certamente, de mulher de muito má nota...
Apesar disso, eles surpreendem-me constantemente...
Foi o que me aconteceu com o Diário de Notícias de hoje.
Peguei no dito, e fiquei preso a um título da sua primeira página: «A história do português que venceu em Cannes».
Pensei: o DN vai falar do êxito notável que foi a conquista, pelo jovem cineasta João Salaviza, da Palma de Ouro.
No entanto, logo a seguir, e ainda na primeira página, deparei com o seguinte sub-título: «Salaviza fez os tempos de antena do "sim ao aborto" do Bloco de Esquerda»
Interroguei-me: o que é que uma coisa tem a ver com a outra?...
E, de súbito, muitas outras perguntas me assaltaram: como é que o (ou a) jornalista se lembrou, tão oportunamente, desse facto?; será que alguém lhe soprou ao ouvido?, etc, etc....
Bom, mas adiante: na página 44 está a notícia, assinada por Paula Lobo.
Título: «Dos tempos de antena do BE à Palma de Ouro».
Voltei a interrogar-me: o que é que uma coisa tem a ver com a outra?...
Reli o título e re-interroguei-me: será que a jornalista me está a querer dizer que a Palma de Ouro obtida por João Salaviza se deve ao BE?
E respondi-me: pelo menos é isso que está a insinuar...
E passei à leitura do texto corrido, que começa assim:
«Editou alguns dos tempos de antena do Bloco de Esquerda (BE) e um filme para a campanha do "sim" aquando do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez».
Bom, aqui chegado tudo se me apresentou mais claro...
E foi já sem sombra de surpresa que, no final do texto, mesmo a fechar, lá vinham outra e outra vez os «tempos de antena do BE», blá-blá-blá...
Mas a «história» não acaba aqui: acaba precisamente na última página do mesmo DN, onde João Salaviza é entrevistado.
Uma entrevista que parecia vir mesmo a calhar e da qual a última pergunta é, como não podia deixar de ser, se tinha alguma relação política com o BE...
Ao que o entrevistado respondeu que é completamente apartidário; que geralmente não vota, ou vota em branco; que os trabalhos que fez para o BE resultaram de solicitações de pessoas desse partido com quem tem relações de amizade; que foi um participação muito pequena, pois apenas fez a montagem de dois filmes; que não realizou nem produziu nada...
Relido o conjunto dos textos, não me restam dúvidas de que a jornalista me tentou enganar: de facto, ela não teve tanto a intenção de valorizar o êxito do jovem cineasta premiado, mas mais o objectivo de fazer publicidade ao BE, deixando a pairar a ideia de que o primeiro era membro do segundo... - publicidade enganosa, já que, a pretexto de divulgar uma notícia altamente positiva, estava a tentar vender como bom um produto que está bem longe de o ser.
Apesar disso, eles surpreendem-me constantemente...
Foi o que me aconteceu com o Diário de Notícias de hoje.
Peguei no dito, e fiquei preso a um título da sua primeira página: «A história do português que venceu em Cannes».
Pensei: o DN vai falar do êxito notável que foi a conquista, pelo jovem cineasta João Salaviza, da Palma de Ouro.
No entanto, logo a seguir, e ainda na primeira página, deparei com o seguinte sub-título: «Salaviza fez os tempos de antena do "sim ao aborto" do Bloco de Esquerda»
Interroguei-me: o que é que uma coisa tem a ver com a outra?...
E, de súbito, muitas outras perguntas me assaltaram: como é que o (ou a) jornalista se lembrou, tão oportunamente, desse facto?; será que alguém lhe soprou ao ouvido?, etc, etc....
Bom, mas adiante: na página 44 está a notícia, assinada por Paula Lobo.
Título: «Dos tempos de antena do BE à Palma de Ouro».
Voltei a interrogar-me: o que é que uma coisa tem a ver com a outra?...
Reli o título e re-interroguei-me: será que a jornalista me está a querer dizer que a Palma de Ouro obtida por João Salaviza se deve ao BE?
E respondi-me: pelo menos é isso que está a insinuar...
E passei à leitura do texto corrido, que começa assim:
«Editou alguns dos tempos de antena do Bloco de Esquerda (BE) e um filme para a campanha do "sim" aquando do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez».
Bom, aqui chegado tudo se me apresentou mais claro...
E foi já sem sombra de surpresa que, no final do texto, mesmo a fechar, lá vinham outra e outra vez os «tempos de antena do BE», blá-blá-blá...
Mas a «história» não acaba aqui: acaba precisamente na última página do mesmo DN, onde João Salaviza é entrevistado.
Uma entrevista que parecia vir mesmo a calhar e da qual a última pergunta é, como não podia deixar de ser, se tinha alguma relação política com o BE...
Ao que o entrevistado respondeu que é completamente apartidário; que geralmente não vota, ou vota em branco; que os trabalhos que fez para o BE resultaram de solicitações de pessoas desse partido com quem tem relações de amizade; que foi um participação muito pequena, pois apenas fez a montagem de dois filmes; que não realizou nem produziu nada...
Relido o conjunto dos textos, não me restam dúvidas de que a jornalista me tentou enganar: de facto, ela não teve tanto a intenção de valorizar o êxito do jovem cineasta premiado, mas mais o objectivo de fazer publicidade ao BE, deixando a pairar a ideia de que o primeiro era membro do segundo... - publicidade enganosa, já que, a pretexto de divulgar uma notícia altamente positiva, estava a tentar vender como bom um produto que está bem longe de o ser.
7 comentários:
O Diário de Notícias e o Público são, entre a imprensa escrita, os mais tristes exemplos de como a busca pela verdade atrás de um facto pode ser corrompida pelos interesses de classe da Burguesia e da sua mentalidade insidiosa.
O Avante bate os dois aos pontos.
Hoje na Antena 1 a entrevista (telefonica)baseou-se sobre o seu contributo para o BE. A explicação dada pelo jovem realizador foi a mesma que deu no DN.
Pergunto eu:
o que é que uma coisa tem a ver com a outra?...
Uma campanha de bandeja, nada lhes falta!
Metem nojo o be e a comunicação social!
GR
Já foi feita uma lei do financiamento partidário para lixar o PCP! A nova lei do financiamento da campanha eleitoral pode colocar atrás das grades por 3 anos um militante de um partido que não apresente devidamente um factura.
Mas pelos vistos o BE tem publicidade gratuita!
Ler este post logo de manhã é dose... por estas e outras não leio jornais...
Sempre solidária contigo e com as tuas leituras, necessárias, mas isto mete nojo!
Um beijo grande
É extraordinário!
Embicámos com o mesmo assunto. Também tenho uma farpazita para entrar logo à tarde, sobre este "entusiasmo" do DN. :-)))
Abraço.
Pois...
Fantástico!
Coincidências.
A velha história-Uma mentira para ser boa tem de ter um fundo de verdade!
beijos
pois é assim.
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