Ervidel, Agosto. Ano de 2007. Depois de uma história de vida recolhida a um informante/amigo, surge uma conversa acerca da Praça de Jorna. Julgo ficar tudo dito, na lucidez/palavras que se seguem.
Domingos – Havia, ao Carregueiro havia uma praça...
Valverde – Ao Carregueiro havia uma praça, aqui em Ervidel no sitio do mercado também havia, em que se juntavam os proprietários e os trabalhadores. Ia eu por exemplo, que era proprietário, precisava de cinco ou seis homens “olha, eu dou x”.
Caixinha – Depois escolhiam-nos. E escolhiam-nos...!!
Domingos -Havia outro que dizia “eu preciso de vinte homens, dou x”, o que desse mais seria o que levava mais pessoal não é? Mas pronto ali era discutido o ordenado...
Caixinha – Aquilo havia diferença pouca. Cinco tostões...
Valverde - Os lavradores esses iam ao Carregueiro, porque vinham algarvios, campaniços, vinham de comboio, não é?
Domingos– Tomar praça.
Valverde – Vinham de combóio, vinha o combóio cheio, chegavam ali ao Carregueiro, formavam aquela multidão de gente para tomar praça. Depois vinham os lavradores e combinavam uns com os outros “quanto é que agente damos?” “damos x e tal”, depois “eu dou x eu dou x” e coiso. E as condições, “dou x a de comer” ou “dou x a seco” ou pronto, e aí combinavam e levavam as pessoas que eles entendiam. Havia a praça...
Domingos – E assim é que se fazia a áceifa.
Caixinha – Aquilo era praticamente como quem ia ao mercado de gado e ia comprar gado.
Domingos- ... e ia comprar gado!
Valverde – Isto ainda foi um tique que ficou de quando era a escravidão. Quando existia a escravidão chegavam ali ao mercado e compravam dez ou doze escravos. Só que depois quando acabou a escravidão, eram livres mas era com estes contratos assim à mesma.
5 comentários:
Espantoso diálogo!
(Sobre ete tema escreveu Soeiro Pereira Gomes um excelente texto)
Abraço amigo.
O mais triste, é que:-aquí em Setubal ainda á bem pouco tempo era assim junto da PORTUCEL.
Não tenho a certeza, se hoje assim é!
Abraço
Ganda malha, Galamba! quando era puto cheguei essas ouvir estórias. Histórias de irmãos alinhados na praça da vila, enquanto os latifundiários escolhiam quem trabalhava nas jornas a troco dum salário de miséria e quem passava fome. Tios meus, alinhados em parada, treinando já a "parada" prás "missões de policiamento" da Guerra Colonial...
Será que estamos a regressar ao esclavagismo?
o nosso querido presidente do conselho e o sr. Silva e seus meninos para isso estão a trabalhar no codigo do trabalho.
à que lutar contra a camarilha, temos de serrar fileiras,
um abraço operario
Herlânder
Enviar um comentário