A QUEIMA DOS LIVROS
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira,
um poeta expulso, um dos melhores,
ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos.
Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de fora!
Não disse eu sempre a verdade nos meus livros?
E agora tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
Brecht
4 comentários:
Para o bem e para o mal, lembrei-me do "Farenheit 451"...
Obrigada pelo Brecht!
Um beijo
"Maldigo la poesia
de quién no toma partido
partido hasta mancharse"
Neste caso, queimar-se, escolhendo o lado onde se está, mesmo quando não é "confortável"...
Abraço
maria; e lembraste-te bem desse magnífico livro e filme...
Um beijo.
samuel: e é essa a grande opção...
Abraço.
Com livros ou sem livros!
Há que viver lutando! mesmo que para isso ... Morrendo!
E ...
Transpondo para uma actualidade que, pelo menos aparentemente, é menos violenta...
Antes ser despedido por lutar contra o medo e os abusos do patronato do que empregado à espera do que futuro que há-de vir à custa dos outros!
Há uns meses fui despedido.
disseram-me que sabiam que tinha dado horas extra à empresa e que das mesmas não tinha sido totalmente recompensado (compensavam-nos, da boca pra fora, permitindo-nos entrar mais tarde ou sair mais cedo de modo a equilibrar as horas totais (flexinsegurança não regulamentada à vontade do 'freguês' (vide patrão))).
Disseram-me tabém que sabiam que tinha ido a uma manifestação da CGTP!
A lata deles foi:
"Inventavas um médico"
Eu não consigo chamar-lhes outra coisa que não Filhos Da Puta!
Uma coisa é certa depois dessa reposta...
Quem não ficava era eu!
Antes desempregado do que calado!
Uma abraço!
Viva a Revolução!
Viva o futuro!
Viva todos aqueles que não se calam!
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