POEMA

(Hora da visita. A Sra. Ermelinda também
estava à entrada com a cestinha onde ia aquela
sopa tão boa que ferveu desde as seis da manhã)


Entretanto cá fora
as mães aquecem com os dedos
as merendas nos cestos.

Outras sorriem
com inquietação de cilada.

São as que esconderam limas de sonho no pão
para os filhos cortarem as grades
e fugirem esta noite
pelos lençóis
da solidão rasgada.

José Gomes Ferreira

4 comentários:

samuel disse...

Venham renovadas limas de sonho, que as nossas por vezes já se mostram um pouco embotadas.

Maria disse...

Outro poema bonito, mas do Zé Gomes.. só podia....

Um beijo

Justine disse...

Tão simples e tão belo. Comovente.

Fernando Samuel disse...

samuel: hoje as grades são outras, mas as limas de sonho continuam a servir...
Um abraço.

maria: claro...
Um beijo.

justine: é o Zé Comes Ferreira...
Um beijo.