JOSÉ MAGRO - breves notas biográficas
Nasceu em Lisboa, na freguesia de Alcântara, em Março de 1920.
Participou nas lutas estudantis de 1937/1942, tendo aderido ao PCP em 1940 e ingressado no quadro de funcionários clandestinos do Partido em 1945.
Pouco depois foi destacado para funcionário do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), tarefa que assegurou durante três anos. Nessas funções, deslocou-se para o Norte do País, de forma a assegurar um contacto regular com o Presidente do Conselho Nacional do MUNAF, general Norton de Matos, que residia em Ponte de Lima.
Em 1949, após a campanha presidencial na qual Norton de Matos foi candidato da Oposição Democrática, José Magro reingressou ao quadro de funcionários do PCP, começando por integrar a direcção da organização do Porto.
Contudo, devido à vaga de prisões ocorrida nesse ano (Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro, Sofia Ferreira, António Dias Lourenço, Georgete Ferreira, entre outros) voltou para Lisboa, tendo como tarefa principal assegurar «o controlo do conjunto de empresas dos arredores de Lisboa, do lado de cá do rio».
Por essa altura, foi cooptado para membro suplente do Comité Central do PCP.
Em Janeiro de 1951 é preso. Submetido às mais bárbaras torturas recusou-se a prestar quaisquer declarações à PIDE.
Libertado seis anos depois (em Fevereiro de 1957), voltou para a clandestinidade, desenvolvendo a sua actividade, primeiro no Norte, depois novamente em Lisboa, desta vez no trabalho preparatório das eleições presidenciais de 1958.
Participa no V Congresso doPCP, em 1957, e é eleito membro efectivo do Comité Central.
Preso, novamente, em 1959 (13 de Maio); novamente torturado pela polícia fascista; novamente se recusa a prestar quaisquer declarações.
Em Dezembro de 1961 foge do Forte de Caxias, na célebre fuga no carro blindado de Salazar - uma fuga de que o próprio José Magro foi o principal organizador.
É preso pela terceira vez em Maio de 1962, na sequência da grande jornada de luta que foi o 1º de Maio desse ano e na organização da qual ele teve um papel destacado.
É libertado com a Revolução de Abril - precisamente no dia 27 de Abril de 1974.
Tinha, então, 54 anos.
Desde a sua ida para a clandestinidade havia decorrido 29 anos: cerca de vinte e um, passados na prisão; cerca de nove, na clandestinidade.
Após o 25 de Abril foi membro da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP e deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República. Posteriormente, foi responsável pela direcção das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Foi reeleito para o Comité Central do Partido em todos os congressos, até à sua morte em Fevereiro de 1980.
José Magro foi um exemplo de dedicação à luta contra o fascismo, pela democracia e pela liberdade - um exemplo de militante comunista, de homem de coragem e de convicção revolucionárias.
Resistiu, sempre vitorioso, aos brutais interrogatórios a que foi submetido pelos torcionários da PIDE.
Cada interrogatório era, por ele, visto como uma batalha com o inimigo - uma batalha que travava «com serenidade».
Nas suas «Cartas da Prisão», conta-nos da sua alegria e do seu orgulho após cada uma dessas batalhas:
«A alegria e o orgulho de (obter) vitórias sucessivas sobre torturadores profissionais» - e desvenda-nos a origem da serenidade com que encarava cada confronto com as bestas da PIDE: «A minha serenidade reside só na consciência de ser capaz de sofrer por muito tempo, ou de morrer mais ou menos depressa, pelos interesses da minha gente».
Pouco tempo antes de ser libertado, escreveria:
«Sou um funcionário do Partido, qualquer que seja a situação. Serei útil, mais ou menos, conforme a situação, é bem certo!; mas sei por experiência que, de algum modo, o poderei ser sempre.
Até os meus vinte anos de cadeia, infelizmente, terão a sua utilidade prática, ao revelar aos olhos do país e do estrangeiro o que é o fascismo, a dureza do seu carácter repressivo, a violência fria do seu ódio de classe; e, ao mesmo tempo, ao mostrar a capacidade dos comunistas para resistir e superar longas e sacrificadas provas como esta».
E escreveria, ainda na prisão:
«Sei bem, por outro lado, que não chegarei ao final da luta, à vitória do comunismo - mas isso não é para mim essencial, pois estou tão certo que ele virá como de estar sentado a esta mesa; e creio que contribuí para ele com a pequena quota-parte que me foi possível. Que exigir mais à vida?».
Fica a pergunta necessária: E que mais pode a vida exigir a um homem?
Nasceu em Lisboa, na freguesia de Alcântara, em Março de 1920.
Participou nas lutas estudantis de 1937/1942, tendo aderido ao PCP em 1940 e ingressado no quadro de funcionários clandestinos do Partido em 1945.
Pouco depois foi destacado para funcionário do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), tarefa que assegurou durante três anos. Nessas funções, deslocou-se para o Norte do País, de forma a assegurar um contacto regular com o Presidente do Conselho Nacional do MUNAF, general Norton de Matos, que residia em Ponte de Lima.
Em 1949, após a campanha presidencial na qual Norton de Matos foi candidato da Oposição Democrática, José Magro reingressou ao quadro de funcionários do PCP, começando por integrar a direcção da organização do Porto.
Contudo, devido à vaga de prisões ocorrida nesse ano (Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro, Sofia Ferreira, António Dias Lourenço, Georgete Ferreira, entre outros) voltou para Lisboa, tendo como tarefa principal assegurar «o controlo do conjunto de empresas dos arredores de Lisboa, do lado de cá do rio».
Por essa altura, foi cooptado para membro suplente do Comité Central do PCP.
Em Janeiro de 1951 é preso. Submetido às mais bárbaras torturas recusou-se a prestar quaisquer declarações à PIDE.
Libertado seis anos depois (em Fevereiro de 1957), voltou para a clandestinidade, desenvolvendo a sua actividade, primeiro no Norte, depois novamente em Lisboa, desta vez no trabalho preparatório das eleições presidenciais de 1958.
Participa no V Congresso doPCP, em 1957, e é eleito membro efectivo do Comité Central.
Preso, novamente, em 1959 (13 de Maio); novamente torturado pela polícia fascista; novamente se recusa a prestar quaisquer declarações.
Em Dezembro de 1961 foge do Forte de Caxias, na célebre fuga no carro blindado de Salazar - uma fuga de que o próprio José Magro foi o principal organizador.
É preso pela terceira vez em Maio de 1962, na sequência da grande jornada de luta que foi o 1º de Maio desse ano e na organização da qual ele teve um papel destacado.
É libertado com a Revolução de Abril - precisamente no dia 27 de Abril de 1974.
Tinha, então, 54 anos.
Desde a sua ida para a clandestinidade havia decorrido 29 anos: cerca de vinte e um, passados na prisão; cerca de nove, na clandestinidade.
Após o 25 de Abril foi membro da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP e deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República. Posteriormente, foi responsável pela direcção das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Foi reeleito para o Comité Central do Partido em todos os congressos, até à sua morte em Fevereiro de 1980.
José Magro foi um exemplo de dedicação à luta contra o fascismo, pela democracia e pela liberdade - um exemplo de militante comunista, de homem de coragem e de convicção revolucionárias.
Resistiu, sempre vitorioso, aos brutais interrogatórios a que foi submetido pelos torcionários da PIDE.
Cada interrogatório era, por ele, visto como uma batalha com o inimigo - uma batalha que travava «com serenidade».
Nas suas «Cartas da Prisão», conta-nos da sua alegria e do seu orgulho após cada uma dessas batalhas:
«A alegria e o orgulho de (obter) vitórias sucessivas sobre torturadores profissionais» - e desvenda-nos a origem da serenidade com que encarava cada confronto com as bestas da PIDE: «A minha serenidade reside só na consciência de ser capaz de sofrer por muito tempo, ou de morrer mais ou menos depressa, pelos interesses da minha gente».
Pouco tempo antes de ser libertado, escreveria:
«Sou um funcionário do Partido, qualquer que seja a situação. Serei útil, mais ou menos, conforme a situação, é bem certo!; mas sei por experiência que, de algum modo, o poderei ser sempre.
Até os meus vinte anos de cadeia, infelizmente, terão a sua utilidade prática, ao revelar aos olhos do país e do estrangeiro o que é o fascismo, a dureza do seu carácter repressivo, a violência fria do seu ódio de classe; e, ao mesmo tempo, ao mostrar a capacidade dos comunistas para resistir e superar longas e sacrificadas provas como esta».
E escreveria, ainda na prisão:
«Sei bem, por outro lado, que não chegarei ao final da luta, à vitória do comunismo - mas isso não é para mim essencial, pois estou tão certo que ele virá como de estar sentado a esta mesa; e creio que contribuí para ele com a pequena quota-parte que me foi possível. Que exigir mais à vida?».
Fica a pergunta necessária: E que mais pode a vida exigir a um homem?
5 comentários:
E que mais pode a vida exigr a um homem?
Por exemplo ser SUFICIENTEMENTE INTELIGENTE em não embarcar em teses e camaradas NÃO Democráticos
como são os ESTALINISTAS.
E que mais pode a vida exigir a um homem?
Por exemplo: que conheça, minimamente, a língua pátria - e que respeite os que deram as suas vidas pela liberdade e pela democracia.
JOSÉ MAGRO: UM HOMEM DE VERDADE!
Como José Magro num seu poema escreveu:
…
« uns dizem a sua «história»
outros fazem história
e hão-de viver no exemplo e na memória»
José Magro é para nós um exemplo que muito nos orgulha!
Pela sua Resistência, lealdade, dignidade, coragem, honestidade, convicção, tanto sofreu, para que a Liberdade fosse agora nossa. Foi um Homem, um comunista que fez História,um exemplo! permanecerá para sempre com todo o respeito na nossa memória!
SÊ HERÓI, JOSÉ
tarde de domingo
no largo da vila
toca um realejo que se ouve daqui
no pátio interior prossegue o recreio
e ouço o sussurro da voz dos amigos
não sinto mais nada
o mundo é a cela
veleiro sem vento num mar de vazio
a vida é tão curta e a tarde tão longa!
como hei-de passá-la se só tenho um livro
que li e reli e já nada sugere?!...
deitar-me não quero que logo não durmo
cantar não me deixam falar é de doido
passear os três metros pior que funâmbulo?!...
José que fazer se sei que não gostas
Da introspecção seguro que estás
Que a chave do mundo não cabe no umbigo
E temes ser santo que os santos não têm
O travo salgado do gosto da vida
E os traços de classe que a luta te dá
Que coisas heróicas José que farias
lá fora esta tarde
aqui por teu mal
o grande heroísmo é não fazer nada
Pois é:
- sê herói, José, e sorri…
“TORRE CINZENTA - Poemas da Prisão”
José Magro
(colecção “Resistência” ed. AVANTE!)
Desculpa o comentário ser tão extenso, mas...tanto sofrimento! é um poema necessário!
Na Festa do Avante vende-se este belíssimo livro!
GR
Obrigado, gr. De exemplos como o de José Magro é que se faz a (nossa) História. O poema que nos trouxeste é bem elucidativo disso.
Na Festa do Avante, para além da «Torre Cinzenta - Poemas da Prisão», estará à venda, também, «Cartas da Prisão» e um outro livro do José Magro (este inédito): «Cartas da Clandestinidade».
Lá nos encontraremos, na mais bela de todas as festas.
Um beijo amigo.
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