O MAIS RICO

A RECEITA

Como acontece todos os anos, foi divulgada a lista dos 100 homens mais ricos de Portugal.
Os resultados não surpreendem: mais coisa menos coisa, estão lá os que se esperava que estivessem.
E não estão lá os que não se esperava que estivessem. Que são muitos: dois milhões que vivem em situação de extrema pobreza (200 mil dos quais passando fome); mais muitos milhões que vivem com a corda da exploração na garganta, etc. etc. - enfim, todos os que, exibindo a sua condição, respondem à pergunta sobre quantos pobres são necessários para fazer um rico.

Também não é surpresa a consolidação de Belmiro de Azevedo no 1º lugar - nem surpreende o facto de essa consolidação se traduzir na duplicação da sua fortuna, que, agora, passa a ser de 3 mil milhões de euros.
Como é sabido, isto anda tudo ligado: se o governo de José Sócrates está a fazer a mais à direita de todas as políticas de direita depois do 25 de Abril - que é a que melhor defende os interesses do grande capital - quem há-de lucrar com isso senão o grande capital?

Mas atenção: uma vozinha fina e perfurante segreda-nos que devemos estar orgulhosos com o facto de um português ser possuidor de tamanha fortuna - e que, se tivermos em conta que este nosso 1º está muito bem classificado no ranking mundial, então mais razões haverá para que a nossa auto-estima se eleve aos píncaros da lua - e suba mais, ainda, do que já subiu, com relevantes benefícios para o País, aquando do europeu e do mundial de futebol.

O mais rico de Portugal já disse várias vezes, e os média encarregaram-se de espalhar a notícia, que a sua fortuna se deve, tão-somente, ao facto de ser um homem de trabalho: entra ao serviço antes das oito da matina, trabalha aos sábados e, muitas vezes, aos domingos; não tem férias; não gasta dinheiro mal gasto, etc.
Simples, como se vê.
Aqui fica, então, a receita.

2 comentários:

João Filipe Rodrigues disse...

Desculpa-me mas não devias ter publicado esta milagrosa receita.
Agora que todos a sabem, é que vão ser elas...

Abraço

Anónimo disse...

É verdade João, a receita agora divulgada é quase uma "doce conventual", uma receita com muitos anos e que continua a funcionar. Os capitalistas aplicam-na bem. Mas a receita é antiga e designa-se por exploração do homem pelo homem.