TÃO INIMIGOS QUE ELES SÃO!

Na sexta-feira, no «congresso», Sócrates disparou, com bem ensaiada fúria, contra os média que, segundo ele, têm sido instrumentos da «campanha negra».
Um dos média visados explicitamente foi o Público.

Hoje, José Manuel Fernandes, em editorial, vingou-se e arrasou o «congresso», o seu funcionamento pouco democrático, os métodos do dono do «congresso», inclusive dizendo de Sócrates que «quer a nível do partido, quer a nível do aparelho de Estado, quer até na forma com intervém na economia, não se assistia a tal centralização obsessiva desde os tempos de Salazar».

Tão inimigos que eles são!
Tal é o peso da vingança que chega a pôr em campos aparentemente opostos pessoas que, de facto e no essencial, estão do mesmo lado - como é o caso de Sócrates e de Fernandes, o primeiro exímio executante da política de direita, o segundo exímio apoiante dessa política.
No entanto, e por muito exuberante que seja a vingança, ela acaba por sentar-se... em pequenos pormenores, como este:
atacando a absoluta ausência de debate no dito «congresso», o director do Público escreve - aliás, em título do editorial:
«Há mais debate nos congressos do PCP».
À primeira leitura, tal título parece ser o reconhecimento de uma verdade inequívoca: a de que nos congressos do PCP - onde, durante meses, o colectivo partidário é chamado a pronunciar-se sobre o Projecto de Teses - há um intenso e amplo debate (e portanto um funcionamento democrático) que não existe em nenhum outro partido nacional.
No entanto, não é isso que José Manuel Fernandes (inimigo figadal do PCP e dos seus congressos) quer dizer: neste caso, ele parte de um exemplo concreto de ausência absoluta de debate (o «congresso» do PS) para concluir que até nos congressos do PCP se faz melhor... ou, dito de outra forma: nem os comunistas, esses antidemocratas, sectários e totalitários, vão tão longe como foi o Sócrates/PS neste «congresso»...

Ainda um registo sobre o Congresso do PS: enquanto Sócrates, dentro do Pavilhão, com os olhos fixos no teleponto, lia a torrente de elogios à sua sábia governação, lá fora, também em Espinho, os cerca de cem trabalhadores de um empresa local - a Jotex - lutavam contra as ameaças de encerramento que, a concretizarem-se, os atirarão para o desemprego.
E era o País real que ali estava:
de um lado, a charlatanice, a demagogia, a falsidade, procurando a todo o custo perpetuar a política de direita que conduziu Portugal ao estado lastimável em que se encontra;
do outro lado, a verdade - dada através de um exemplo concreto - sobre os trágicos resultados dessa política e sobre a luta dos trabalhadores em defesa dos seus interesses e direitos.

8 comentários:

samuel disse...

Quando até as "inimizades" e a "oposição" são encenadas... a coisa vai mal!

Abraço

Anónimo disse...

Essses arrufos são de pouca duração, não tarda nada estão a abraçar-se e a trocar juras de amor eterno.

Tu, contenta-te com um abraço.

Maria disse...

Ainda se hão-de sentar à mesma mesa um dia destes. Não falta muito...
São dois nojos diferentes, mas quase iguais.

Um beijo grande

Unknown disse...

São zangas, são birras, são pequenos toques na ferida.

Ambos são feitos do mesmo óleo, o grande capital sabe onde aposta.

Um Abraço

Hilário disse...

Fernando, o texto do sindicato é da minha pessoa.
Um Abraço

Anónimo disse...

Só mudam as moscas.

Fernando Samuel disse...

samuel: pois vai, mesmo muito mal...
Um abraço.

salvoconduto: e tenho muito de que me contentar.
Toma lá outro.

Maria: bem vistas as coisas, a mesa deles é sempre a mesma...
Um beijo grande.

hilario: e regra geral não aposta mal...
Um abraço.

Antuã: ou nem isso...
Um abraço.

Ana Camarra disse...

Deixa que o Socas depois dá-lhe um tachinho e coisa compõe-se, nada de novo, portanto.