COBARDIA
E não diz a palavra!
Já não consegue a pura claridade
da raiva que se exprime
num grito que trespassa o firmamento!
Parafraseia a dor, como um pinheiro
que tem medo do vento
e se torce na duna, horizontal, rasteiro,
a enrodilhar a voz do sofrimento.
Filho do instinto,
perdeu a força heróica de arrancar
o aço do punhal que o atravessa.
Morre por não ter pressa
de se salvar!
Miguel Torga
6 comentários:
Os cobardes são assim!
Quanto mais se enrodilharia o cobarde, se tivesse a improvável coragem de ler estes versos?
Que retrato implacável!
Ana Camarra: está-lhes no sangue...
Um beijo.
samuel: improvável, dizes bem; mais do que improvável...
Um abraço.
Justine: ... e rigoroso!
Um beijo.
Não serei original, mas é um belo retrato!
Um beijo grande
Maria: até parece «real»...
Um beijo grande.
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