REJEITO
Não me engraxem os sapatos
nem me cortem o cabelo.
A barba já me cresceu
com pujança.
Os meus farrapos revelam
que sou um homem livre.
Quando percorro os atalhos
vencido pelo desalento,
ouço os homens que ladram
pela boca dos seus cães.
Hoje vomitei
as côdeas que me deram.
A esmola dava-me volta
ao estômago e deixava-me
um gosto amargo na boca.
Por caminhos de tojos
empreendi o meu exílio.
Caminho pelo mundo fora...
e o regresso agarra-se-me
aos pés doridos
e aos braços que se descerram
numa ânsia de abraçar.
Porém rejeito o preço
que me querem impor
estes homens que ladram
pela boca dos seus cães.
Félix Cucurull
7 comentários:
Duro, este poeta! Mas não há outro modo de reagir aos "homens que ladram pela boca dos seus cães"...
Brutal!
A "caridade" é uma coisa abejecta, não é necessário é necessário dignidade, uma coisa muito diferente.
Beijos
"Homens que ladram pela boca dos seus cães" é uma imagem fantástica!
Abraço.
Fortíssimo poema!
É fantástica a imagem dos "homens que ladram pela boca dos seus cães."
Um beijo grande
Valeu a pena ensaiar este "número dos espelhos" com a Maria! :-)))
Justine/Maria/Samuel: aí vai mais um «espelho»: é fantástica a imagem dos «homens que ladram pela boca dos seus cães»..
Beijos e abraço.
Ana Camarra: a dignidade dispensa... tudo.
Um beijo.
Não conheço este poeta, procurei-o na net e o que encontrei foi parco.... No entanto, adoro o que leio neste blog. Onde é q o posso encontrar?
bjs
SMV
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