O IÇAR DA BANDEIRA
(poema dedicado aos Heróis do povo angolano)
Quando voltei
as casuarinas tinham desaparecido da cidade
E também tu
Amigo Liceu
voz consoladora dos ritmos quentes da farra
nas noites dos sábados infalíveis
Também tu
harmonia sagrada e ancestral
ressuscitada nos aromas sagrados do Ngola Ritmos
Também tu tinhas desaparecido
e contigo
os Intelectuais
a Liga
o Farolim
as reuniões das Ingombotas
a consciência dos que traíram sem amor
Cheguei no momento preciso do cataclismo matinal
em que o embrião rompe a terra humedecida pela chuva
erguendo planta resplandecente de cor e juventude
Cheguei para ver a ressurreição da semente
a sinfonia dinâmica do crescimento da alegria nos homens
E o sangue e o sofrimento
eram uma corrente tormentosa que dividia a cidade
Quando eu voltei
o dia estava escolhido
e chegava a hora
Até o rio das crianças tinha desaparecido
e também vós
meus bons amigos meus irmãos
Benge, Joaquim, Gaspar, Ilídio, Manuel
e quem mais?
- centenas, milhares de vós amigos
alguns desaparecidos para sempre
para sempre vitoriosos na sua morte pela vida
Quando eu voltei
qualquer coisa gigantesca se movia na terra
os homens nos celeiros guardavam mais
os alunos nas escolas estudavam mais
o sol brilhava mais
e havia juventude calma nos velhos
mais do que esperança era certeza
mais do que bondade era amor
Os braços dos homens
a coragem dos soldados
os suspiros dos poetas
Tudo todos tentavam erguer bem alto
acima da lembrança dos heróis
Ngola Kiluanji
Rainha Ginga
Todos tentavam erguer bem alto
a bandeira da independência.
Agostinho Neto
5 comentários:
Agora saio daqui a chorar...
Jamais esquecerei o rosto de Agostinho Neto naquela noite de Novembro de 75, quando içou a bandeira da sua Pátria...
Um beijo grande
Pena terem desvirtuado o sonho de Agostinho Neto, mas ainda se vai a tempo.
beijos
Grande e querido Agostinho Neto!
(Este é que é então o "poeta medíocre" do Agualusa?!)
Abraço
Este poema convence-nos de que um dia o sonho angolano será uma realidade. O MPLA voltará a identificar-se com o povo.
Maria: noite bela!
Um beijo grande.
Ana Camarra: com muita luta, lá chegarão.
Um beijo.
samuel: o Águalusa não sabe ler...
Um abraço.
Antuã: assim será.
Um abraço.
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