No decorrer de mais uma jornada do seu Roteiro da Inclusão, o Presidente da República proferiu declarações dignas de registo.
«Recebi indicadores sociais de alguma gravidade», disse ele.
E eu confesso o meu espanto perante tal afirmação: então o País está no estado calamitoso em que está - desemprego, precariedade, baixos salários e reformas, injustiças sociais... - e o PR vê nisso tudo, apenas «alguma gravidade»?
A que estado é necessário que isto chegue para Cavaco Silva detectar muita gravidade na situação?
Mais adiante, reincidiu assim: «Estou um pouco preocupado e um pouco triste pela situação que o país atravessa».
E o meu espanto cresceu: então o País está como está e o Presidente da República vê isso apenas com um pouco de preocupação e de tristeza?
Que tragédias económicas, sociais, políticas e culturais são necessárias para que Cavaco Silva fique muito preocupado e triste?
Depois explicou ao que ia: «Não vim dizer que tenho alguma solução. Só posso trazer palavras de solidariedade. Isso é pouco, mas não tenho mais nada para vos dar».
E preparava-me eu para, no jeito que acima usei, comentar esta pungente confissão de impotência de Cavaco Silva, eis senão quando a atenção se me prendeu numa ocorrência surpreendente: afinal, e ao contrário do que acabara de dizer, Cavaco Silva tinha muito para dar aos que o ouviam - tinha, até, ali na manga A SOLUÇÃO para os problemas todos que preocupam os portugueses.
E qual era essa SOLUÇÃO?: era exactamente a mesma que José Sócrates apresentou no congresso do PS: «a estabilidade política» - a tal só possível de assegurar com a «maioria absoluta» nas eleições parlamentares; a tal que, como Sócrates há uma semana disse e Cavaco uma semana depois repetiu, permitirá o prosseguimento em pleno da política que conduziu o País ao desgraçado estado a que chegou.
Esta sintonia entre o Presidente da República e o primeiro-ministro percebe-se, sabendo nós quem é um e quem é outro.
Mas há aqui um pormenor interessante e intrigante que é o seguinte:
quando José Sócrates pede «a maioria absoluta» para garantir «a estabilidade política», é óbvio que está a pedir essa maioria para o PS;
mas quando o Presidente da República pede «a maioria absoluta» para garantir «a estabilidade política», está a pedir essa maioria para quem?...
(Ó D. Manuela olhe que talvez seja tempo de rever as suas amizades...)
«Recebi indicadores sociais de alguma gravidade», disse ele.
E eu confesso o meu espanto perante tal afirmação: então o País está no estado calamitoso em que está - desemprego, precariedade, baixos salários e reformas, injustiças sociais... - e o PR vê nisso tudo, apenas «alguma gravidade»?
A que estado é necessário que isto chegue para Cavaco Silva detectar muita gravidade na situação?
Mais adiante, reincidiu assim: «Estou um pouco preocupado e um pouco triste pela situação que o país atravessa».
E o meu espanto cresceu: então o País está como está e o Presidente da República vê isso apenas com um pouco de preocupação e de tristeza?
Que tragédias económicas, sociais, políticas e culturais são necessárias para que Cavaco Silva fique muito preocupado e triste?
Depois explicou ao que ia: «Não vim dizer que tenho alguma solução. Só posso trazer palavras de solidariedade. Isso é pouco, mas não tenho mais nada para vos dar».
E preparava-me eu para, no jeito que acima usei, comentar esta pungente confissão de impotência de Cavaco Silva, eis senão quando a atenção se me prendeu numa ocorrência surpreendente: afinal, e ao contrário do que acabara de dizer, Cavaco Silva tinha muito para dar aos que o ouviam - tinha, até, ali na manga A SOLUÇÃO para os problemas todos que preocupam os portugueses.
E qual era essa SOLUÇÃO?: era exactamente a mesma que José Sócrates apresentou no congresso do PS: «a estabilidade política» - a tal só possível de assegurar com a «maioria absoluta» nas eleições parlamentares; a tal que, como Sócrates há uma semana disse e Cavaco uma semana depois repetiu, permitirá o prosseguimento em pleno da política que conduziu o País ao desgraçado estado a que chegou.
Esta sintonia entre o Presidente da República e o primeiro-ministro percebe-se, sabendo nós quem é um e quem é outro.
Mas há aqui um pormenor interessante e intrigante que é o seguinte:
quando José Sócrates pede «a maioria absoluta» para garantir «a estabilidade política», é óbvio que está a pedir essa maioria para o PS;
mas quando o Presidente da República pede «a maioria absoluta» para garantir «a estabilidade política», está a pedir essa maioria para quem?...
(Ó D. Manuela olhe que talvez seja tempo de rever as suas amizades...)
8 comentários:
Tenho para mim que esta coisa já estava combinada entre Cavaco e Sócrates, desde a JSD. :-)))
A diferença entre um e outro é quase nula...
Às tantas o Samuel é capaz de ter adivinhado :)
Um beijo grande
Eles entendem-se bem. Ou não fossem ambos broncos.
Fernando,
A acrescentar a este duo, temos também agora o ex.Presidente da República, o Jorge Sampaio, que defende uma maioria absoluta para a estabilidade do País.
É farinha do mesmo saco!
Um Abraço
na minha terra diz-se " é tudo pocaxinho de si"!...
beijocassss
samuel: ora aí está tudo explicado...
Um abraço.
Maria: não tenhas dúvida...
Um beijo grande.
Antuã: mais ou menos gémeos...
Um abraço.
Hilário: a «estabilidade» é a palavra-chave - para continuar a política de direita.
Um abraço.
vovó: pocaxinho, baixinho, miudinho...
Um beijo.
Se bem me lembro quando foi Primeiro Ministro foi assim, deve ter a mesma solução quando na altura gritava "Deixem-nos Trabalhar!"
Por mim estão á vontade desde que fossem trabalhar para outro sitio, tipo outro sistema solar, muuuuuuito longe.
Ana Camarra: muiiiiiiiiito, muiiiiiiito longe...
Um beijo.
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