"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte V- final)

2. Liberdade de expressão (Parte II)


Como o disse, sabiamente, Chomsky: “Cuba, trata-se provavelmente do território que mais atentados sofreu em todo o mundo”. Naturalmente, em qualquer país “democrático”, entre os quais se encontra Portugal, caso se encontrassem dissidentes pagos por uma potência estrangeira para destabilizar o governo nacional o que lhes aconteceria? Não seriam presos instantaneamente? Mas parece que as medidas de prender mercenários terroristas podem ser utilizadas em qualquer país do mundo, menos em Cuba. Porque aí os mercenários são apenas “dissidentes independentes” e os terroristas não passam “dissidentes pacíficos”. Outro caso mediático passado em 2003 em Cuba foi a execução de três opositores (que actuavam, segundo os meios de comunicação, claramente a favor da paz…) que sequestraram um barco que fazia a ligação entre Havana e Regla, desviando a embarcação para o alto- mar e ameaçando de morte os 50 passageiros (dos quais alguns eram estrangeiros). A operação de resgate foi lenta e houve mesmo passageiros que não aguentaram a pressão a que estavam submetidos e se atiraram ao mar. Que se critique a pena aplicada (pena capital) a estes terroristas, acho natural. Eu próprio condeno esse crime: a pena de morte jamais é alternativa, em caso algum. Mas isso nunca apareceu em meio nenhum de comunicação. A detenção de 3 dissidentes pacíficos (que não passavam de terroristas) é que era motivo de escândalo e de revolta pelo mundo fora. Só não percebo que jornalistas imparciais são estes que criticaram tão abertamente este caso e relativamente à resposta que o governo americano dá ao terrorismo (em pouco mais de 60 anos, em 32 países, milhões de mortos, torturados e trucidados) se limitam a glorificá-la devido à sua “permanente disponibilidade e determinação em acabar com o terrorismo”. Que valor tem, afinal, a vida humana para estes jornalistas? Nos dois meses antes deste atentado ocorreram sete sequestros de aviões, os quais aterraram depois em solo americano. Recorde-se que desde o 11 de Setembro de 2001, o espaço aéreo americano é controlado por aviões bombardeiros que têm ordens para abater qualquer avião que não tenha passagem marcada pelos EUA. E em todos esses 7 sequestros aconteceu o impensável: os aviões não foram abatidos no espaço aéreo americano. A única hipótese viável é o conhecimento antecipado pelo governo americano de tais sequestros. Teria sido este o patrocinador de tais actos terroristas? Tudo aponta que sim…

Em Cuba já morreram 3478 pessoas vítimas de atentados e 2099 ficaram inválidas. Isto, proporcionalmente à população, é 6 vezes mais desastroso que o colapso do Worl Trade Center. Até quando Cuba vai ficar privada de se proteger contra o terrorismo sem ser acusada de violadora dos direitos humanos? Até quando Cuba vai ficar impossibilitada de julgar criminosos sem ser acusada de julgar simples dissidentes?

Outro método de provocar instabilidade e fomentar a emigração ilegal em Cuba é a Rádio e a TV Marti que acusa, continuadamente, Fidel Castro de ser responsável pela miséria que há em Cuba. Se falam da miséria económica então utilizem outros nomes como bloqueio ou embargo em vez de Fidel. Porque se falam no Fidel Castro e em miséria estão a cometer uma falácia. Ou será que miséria, para a Rádio e TV Marti, é sinónimo de esperança média de vida de 77 anos, taxa de mortalidade infantil de 0,6 por cada 100 nados vivos, 4 milhões de estudantes em 11 milhões de habitantes, 590 médicos por cada 100 mil habitantes, o mais elevado número (proporcionalmente ao número de habitantes) de médicos e professores do mundo? Ou será que miséria é ter 11% dos cientistas da América Latina, tendo apenas 2% da população latino-americana?

Continuam a “organizarem-se incontáveis planos de assassinatos, terrorismo, sabotagem, bloqueio económico, isolamento diplomático, excomunhão política e separação das comunidades internacionais” (Cláudio Guevara), mas Cuba insiste em dar ao mundo uma “lição de dignidade e resistência” (idem).

Cuba jamais renunciará à sua condição de país socialista porque os seus filhos não estão dispostos a mendigar de joelhos numa Pátria que os seus pais ganharam de pé.

3 comentários:

Anónimo disse...

CUBA é...O engulho de todos estes aprendizes de fazer política, Europeus e não só,traidores do voto que lhes é confiado, carrascos do POVO que ingenuamente neles confia.
Em CUBA existe confinaça mútua entre governantes e governados, Em Cuba não se compra hoje por cinco ,para pagar em 30 anos, pagando cinquenta
Cuba é uma PÁTRIA pobre mas,honrada.CUBA é uma grande lição para a história contemporania.
CUBA VENCERÀ!
josé manangão

Maria disse...

Excelente....
Estes teus textos deviam ser publicados num jornal (só estou a ver o Avante) para que mais pessoas pudessem ler....
Obrigada.

Um abraço

João Galamba disse...

Obrigado pelo apoio camaradas. Se os textos que escrevi sobre Cuba forem úteis, divulgar-se-ão por si próprios. Quem sabe se daqui a uns anos não os actualizarei e publicarei nalgum jornal. Até lá, continuarei a pesquisar, para saber cada vez mais sobre a realidade (cubana neste caso). Abraços