VIETNAM
Haverá, meu amor, ainda pássaros no céu
entre aviões e aviões,
crianças com o sorriso ao ombro
entre bombas e bombas?
Tão longe,
podes imaginar, amor, desta ponta
da Europa
aquela morgue
onde morremos indefesos,
aquela invasão de bactérias, uma
putrefacção armada,
tentando impor a lei,
a destruição à sua imagem?
Cai a tarde. O vento
anula o peso dos teus pés na areia
mas na tua cabeça
mantém-se a raiva, a pedra
em que ameaças transformar-te
de impotência.
O ódio que marca a tua cinta
é o único remédio. Alimenta-o
em cada colher de sopa se não queres
ser apenas o gato, a rã, o mineral
cibernético
que querem modelar no espaço do teu corpo.
Poderás, sem isso,
imaginar a paz de que precisam
os filhos que te esperam?
Egito Gonçalves
3 comentários:
Grande poema. E tantos Vietnam estão hoje a acontecer!!!!
Um beijo.
Muito bom! E preocupante...
Um beijo grande.
Grande texto sobre um crime contra a Humanidade... ainda por julgar.
Abraço.
Enviar um comentário