O CRIME PERFEITO

Perseguições, agressões, ameaças de morte (aos próprios e aos familiares), sequestros, prisões, assassinatos: eis as Honduras após o golpe militar que, comandado por Obama e executado por fascistas locais, derrubou o governo legítimo e instaurou uma ditadura.
Silêncio absoluto sobre a repressão nas Honduras: eis o critério informativo adoptado pelos média dominantes portugueses.

Entre os milhares de cidadãos hondurenhos alvos e vítimas desta democraCIA à solta, estão os jornalistas - em regra assassinados por... «desconhecidos»...
Aliás, o «desconhecido» é, nas Honduras, um interveniente activo e um precioso colaborador da ditadura fascista: incógnito, mata os patriotas que o ditador quer que sejam mortos...

Podia pensar-se que, vá lá... por uma questão de solidariedade de classe, os média portugueses divulgariam e denunciariam a repressão contra aqueles que, nos jornais, rádios e televisões das Honduras, arriscam - e, em muitos casos, perdem - as suas vidas no digno exercício da sua profissão.
Mas não: os «jornalistas» que, por cá, enlameiam a dita profissão, não dizem nem escrevem uma palavra sobre o assunto.

Assim, para estes mercenários da escrita, nenhum dos doze jornalistas hondurenhos assassinados no ano de 2010 - por «desconhecidos»... - foi motivo de notícia.
Também não foi notícia o assassinato, há dois meses, por «desconhecidos», do jornalista Hector Palanco.

E não foi nem será notícia, certamente, o caso do jornalista Adán Benitez - assassinado a tiro por dois «desconhecidos», no passado dia 4 de Julho.
Sobre este, quanto muito dir-nos-ão que, o célere «inquérito» levado a cabo pelas autoridades policiais hondurenhas concluiu que «o móbil do crime foi o roubo» e que os assassinos foram... «dois desconhecidos»...

E assim funciona este serviço combinado entre os «desconhecidos» que, nas Honduras, assassinam jornalistas e os «jornalistas» que, em Portugal, silenciam os assassinatos.

É o crime perfeito.




10 comentários:

João Henrique disse...

É escandaloso, como os média
dominantes em Portugal só fazem notícia daquilo que os seus patrões gostam.

Um abraço.

cid simoes disse...

A omertà funciona. Os criminosos têm alianças de sangue. São sanguinários.

Antuã disse...

Os desconhecidos, isto é, os criminosos de cá estão bem instalados em rádios, televisões e jornais.

Anónimo disse...

Um excelente texto escrito no dia em que se comemora a tomada da Bastilha e o início da revolução francesa.

Este silêncio cúmplice dos jornalistas portugueses faz lembrar um dos editoriais lidos nesse pasquim chamado "Metro". Um dos seus autores, há dias, escrevia, no editorial, que «já ninguém falava no caso do Iraque», porque, dizia ele, «o Iraque era um exemplo de sucesso e que as coisas tinham corrido bem».

samuel disse...

Em cheio!
Os nossos jornalistas-cúmplices estão de parabéns.

Abraço.

Maria disse...

É o vómito.
Triste país o nosso...

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Exemplo claro de que o crime perfeito existe, apesar de os cúmplices e os mandatários serem bem conhecidos.

Um beijo.

trepadeira disse...

São os criminosos "perfeitinhos".

Um abraço,
mário

svasconcelos disse...

Se dúvidas tivesse, eis como se silenciam notícias em nome da manipulação de massas...:(
beijo,

Anónimo disse...

Neste dia 14 de Julho, saúdo os autores deste blog, pelo excelente texto e relembro aqui algumas palavras de Maximillien Robespierre:

"Se a revolução está errada então o rei está certo, mas se a revolução está certa então o rei está errado"

"Qual é o fim da nossa revolução? O gozo tranquilo da liberdade e da igualdade; o estado da justiça eterna, onde as leis não são esculpidas em mármore ou pedra, mas no coração dos homens, mesmo até no coração do escravo que as esqueceu, e no tirano que as repudia."