No Editorial do Público de hoje, Nuno Pacheco analisa a «crise da Bolívia».
Trata-se de uma análise-tipo dos propagandistas do sistema dominante, os quais, sem ponta de vergonha e recorrendo ao desbragado vale-tudo em matéria argumentativa, insultam a inteligência de quem os lê.
Diz ele que «a Bolívia encontra-se a braços com uma crise gravíssima, que ameaça alastrar não apenas à América Latina (...) mas também ao mundo».
Segundo Pacheco, as razões da crise «são conhecidas».
E quais são essas razões conhecidas?
Pacheco explica: Evo Morales, mal acabou de ser eleito Presidente da Bolívia, «nacionalizou as indústrias de gás e do petróleo» e com isso «acendeu o rastilho das autonomias».
Porquê?
Porque - continua a explicar - «Evo Morales canalizou as verbas do petróleo e do gás natural para um programa nacional de assistência a idosos», não atendendo às exigências dos que, nas respectivas regiões, consideravam que essas verbas eram deles e só deles e não do País.
Sempre explicando, Pacheco denuncia a manobra de Evo Morales ao «convocar um referendo para pretensamente reforçar a sua posição» - referendo que, reconhece Pacheco, lhe deu «o que queria(67 por cento dos votos)», mas com o desacordo... dos restantes 33%... - o que, explica ainda Pacheco, «cavou ainda mais o fosso entre as duas Bolívias»...
Daí, conclui Pacheco, «os graves confrontos entre civis (nos últimos dias), felizmente ainda sem intervenção do exército» - intervenção essa que não é de excluir «já que os líderes das províncias rebeldes garantem que terão autonomia pelo diálogo ou pelas armas» - o que, traduzido (por mim, não pelo Pacheco) quer dizer que, para os tais «líderes», «diálogo» significa o Presidente fazer o que eles querem...
Temos então que, para o editorialista do Público, as culpas da crise actual são, todas, de Evo Morales; da sua inaceitável decisão de, com dinheiro do gás e do petróleo, ter ido matar a fome aos famélicos, e de - insolência das insolências! - ter feito um referendo, no qual, felizmente, obteve o apoio não de todos, mas de apenas 67 por cento dos bolivianos...
Assim sendo, remata Pacheco, «se Evo Morales não aceitar o conselho que, neste momento, muitos partilham a nível internacional»...;
ou seja: se Evo Morales «insistir na cegueira da sua suicida gestão política interna»;
isto é: se Evo Morales não perceber que «o circo de uma pretensa "revolta libertadora" a sul é de todo indesejável, por todos e para todos»;
ou, dito de forma mais clara: se Evo Morales não entrar nos eixos definidos pelo imperialismo norte-americano... então, ameaça Pacheco, «há razões mais do que suficientes para temer que a situação se descontrole»...
Pacheco não explicou que expressões esse «descontrole» virá a assumir.
Contudo, atira para o ar uma ideia geral que explica tudo: «acabou o tempo dos salvadores socialistas pretensamente iluminados»...
Hoje mesmo, em vários países do mundo, outros pachecos escreveram, certamente, outros iguais editoriais - todos concluindo que a responsabilidade pelo que vier a acontecer na Bolívia é, toda ela, de um indivíduo «pretensamente iluminado», mas cego: porque não vê que uma «pretensa revolta libertadora», apoiada em «pretensos» apoios referendários, é «indesejável por todos e para todos»...
Chama-se a isto, preparar o terreno para a aceitação - como coisa necessária, inevitável, justa e boa - de tudo o que os patrões dos pachecos vierem a fazer.
Trata-se de uma análise-tipo dos propagandistas do sistema dominante, os quais, sem ponta de vergonha e recorrendo ao desbragado vale-tudo em matéria argumentativa, insultam a inteligência de quem os lê.
Diz ele que «a Bolívia encontra-se a braços com uma crise gravíssima, que ameaça alastrar não apenas à América Latina (...) mas também ao mundo».
Segundo Pacheco, as razões da crise «são conhecidas».
E quais são essas razões conhecidas?
Pacheco explica: Evo Morales, mal acabou de ser eleito Presidente da Bolívia, «nacionalizou as indústrias de gás e do petróleo» e com isso «acendeu o rastilho das autonomias».
Porquê?
Porque - continua a explicar - «Evo Morales canalizou as verbas do petróleo e do gás natural para um programa nacional de assistência a idosos», não atendendo às exigências dos que, nas respectivas regiões, consideravam que essas verbas eram deles e só deles e não do País.
Sempre explicando, Pacheco denuncia a manobra de Evo Morales ao «convocar um referendo para pretensamente reforçar a sua posição» - referendo que, reconhece Pacheco, lhe deu «o que queria(67 por cento dos votos)», mas com o desacordo... dos restantes 33%... - o que, explica ainda Pacheco, «cavou ainda mais o fosso entre as duas Bolívias»...
Daí, conclui Pacheco, «os graves confrontos entre civis (nos últimos dias), felizmente ainda sem intervenção do exército» - intervenção essa que não é de excluir «já que os líderes das províncias rebeldes garantem que terão autonomia pelo diálogo ou pelas armas» - o que, traduzido (por mim, não pelo Pacheco) quer dizer que, para os tais «líderes», «diálogo» significa o Presidente fazer o que eles querem...
Temos então que, para o editorialista do Público, as culpas da crise actual são, todas, de Evo Morales; da sua inaceitável decisão de, com dinheiro do gás e do petróleo, ter ido matar a fome aos famélicos, e de - insolência das insolências! - ter feito um referendo, no qual, felizmente, obteve o apoio não de todos, mas de apenas 67 por cento dos bolivianos...
Assim sendo, remata Pacheco, «se Evo Morales não aceitar o conselho que, neste momento, muitos partilham a nível internacional»...;
ou seja: se Evo Morales «insistir na cegueira da sua suicida gestão política interna»;
isto é: se Evo Morales não perceber que «o circo de uma pretensa "revolta libertadora" a sul é de todo indesejável, por todos e para todos»;
ou, dito de forma mais clara: se Evo Morales não entrar nos eixos definidos pelo imperialismo norte-americano... então, ameaça Pacheco, «há razões mais do que suficientes para temer que a situação se descontrole»...
Pacheco não explicou que expressões esse «descontrole» virá a assumir.
Contudo, atira para o ar uma ideia geral que explica tudo: «acabou o tempo dos salvadores socialistas pretensamente iluminados»...
Hoje mesmo, em vários países do mundo, outros pachecos escreveram, certamente, outros iguais editoriais - todos concluindo que a responsabilidade pelo que vier a acontecer na Bolívia é, toda ela, de um indivíduo «pretensamente iluminado», mas cego: porque não vê que uma «pretensa revolta libertadora», apoiada em «pretensos» apoios referendários, é «indesejável por todos e para todos»...
Chama-se a isto, preparar o terreno para a aceitação - como coisa necessária, inevitável, justa e boa - de tudo o que os patrões dos pachecos vierem a fazer.
13 comentários:
Não dá sequer margem para grandes comentários... é nojento!
O que está a acontecer na Bolivia é inaceitavel, a todos os titulos e para esta gente o culpado é o presidente eleito democraticamente e confirmado em referendo. O seu pecado será o facto de ser indigena, aplicar politicas de cariz socialista, ignorar os ditames dos USA ou todos eles. Ainda assim, tenho confiança que o povo boliviano saberá resistir.
Fernando Samuel
Eu pretensamente faço parte dos portugueses que não votaram neste governo, nem nos anteriores já agora, aliás nunca fui representada no Governo.
Eu pretensemente acho que nunca se devia ter privatizado sectores estratégicos da economia nacional, eu pretensamente, acho que a educação e a saude deviam de ser gratuitas e não tendicialmente gratuitas, como aqueles que eu elegi mudaram na nossa constituição.
Eu pretensamente, não concordei com a entrada de Portugal na UE, nem com a adesão ao Euro, mas ninguem me perguntou porque a maioria, sendo que será a maioria daqueles que exercem o direito a voto, legitimou todas essas decisões, que me afectam a mim e aos meus, diariamente.
Penso que não acabou o tempo dos salvadores socialistas pretensamente iluminados, penso que é tempo de terminar com os pretensos socialistas, que nem são dignos do nome, dos pretensos sociais democratas, que nem fazem a palida ideia do que isso seja e de se iniciar uma época diferente.
Vai sendo tempo de dizer basta!
Desculpa o tamanho do comentário.
È triste ver o estado que jornalismo chegou.
Um Abreijo
Para os pachecos que não saibam fazer contas, 67% no refrendo quer dizer 2 em cada 3 bolivianos!
Este é um apontamento.
O outro é para agradecer este post. Mais um!
Abraços
o que não falta para aí é pachecos deste jaez. os povos, contudo, saberão que não precisam de "ceguinhos" capangas do capital mas de tomar o futuro nas suas próprias mãos. não confundir cego com ceguinho. Dos primeiros, em Portugal, há algumas dezenas de milhar, todavia, ceguinhos infelizmente ainda temos milhões.
Caro Camarada,
Teremos que conviver com isto, mas não de uma forma resignativa. Sempre em luta e ao lado do povo.
Desmascarar a contra-informação é essencial e um dever de quem está ao lado do povo.
Evo Morales e o povo Boliviano enfrenta hoje o terrorismo antidemocrático fomentado pelos EUA que outros já enfrentaram e é este facto que os pseudo-jornalista servidores do capital tentam ocultar.
Cumprimentos
Mário Figueiredo
Os EU são especialistas em fomentarem estes descontentamentos, ao ver as fotos, dos reacionários arruaceiros a incendiarem nas ruas os papeis e os móveis, veio-me à memória o que aconteceu aquí com no norte com os centros de trabalho do nosso Partido. Os embaixadores americanos usam a mesma táctica em todo o lado, aquí o sr. Carlluci o grande amigo de M.Soares não foi expulso, foi até condecorado.
Não pensem que vai ser fácil apesar de Evo Morales ter sido reeleito democraticamente, os exploradores e os seus aliadosamericanos não vão desistir à primeiro nem à segunda,e quando pensar-mos que eles já desistiram, é porque eles estão a trabalhar na sombra.
Para quem quiser perceber está tudo dito...
A hora é (continua a ser) de luta na América Latina. E nós estamos atentos...
Um beijo grande
samuel: de facto, é ele próprio a comentar-se...
Abraço.
crixus: também estou confiante - e a nossa solidariedade com o povo boliviano é mais importante do que nunca.
Abraço.
ana camarra: não tenho nada que desculpar, camarada - pelo contrário.
Beijo.
zambujal: só que, para eles, desavergonhdamente, um em daca três vale muito mais...
Abraço.
antuã: exacto: não confundir cegos com ceguinhos...
Abraço.
Mário Figueiredo: dizes bem: sempre em luta e ao lado do povo.
Abraço.
poesianopopular: eles repetem-se sempre... e não vão desistir...
Estejamos atentos, sempre...
Abraço.
maria: um beijo grande de boas vindas...
Amoroso, amoroso é o post que acabei de fazer.
Muitos cumprimentos.
E é mesmo amoroso,,,
Um beijo amigo.
Fernando
Esta é mais uma contribuição que o menino Pacheco entrega aos americanos contra o povo Boliviano e o seu Presidente.
A luta continua!
hilário: é isso mesmo, camarada.
Um abraço.
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