POEMA

O RICO GASTA O QUE QUER...


O rico gasta o que quer,
o pobre gasta o que tem.
Como se pode achar bem
um ter e outro não ter?
O mundo foi sempre assim?
É uma explicação alvar.
Porque se há-de conservar
o que se tem por ruim?
Alguma vez houve alguém
sem precisão de comer?
O rico gasta o que quer,
o pobre gasta o que tem.

Armindo Rodrigues

9 comentários:

Ana Camarra disse...

Pois realmente como é que se pode achar normal, natural e inevitavél que o luxo de uns seja a privação de outros....

beijos

Justine disse...

O pobre, neste momento, gasta até o que não tem...
Cheio de perguntas importantes, este poema do Armindo Rodrigues

samuel disse...

De facto, nem todas as "tradições" são para preservar, como é o caso desta do "sempre houve ricos e pobres".

Anónimo disse...

O Armindo Rodrigues, foi grande, tão grande, que ainda hoje se nota.

Anónimo disse...

O pobre gasta o que lhe fica depois de ser espremido, o rico gasta o que rouba aos pobres.

Maria disse...

Este poema lembrou-me uma reunião de trabalhadores na empresa onde trabalhei 22 anos, para discussão dos aumentos de ordenados... Isto já foi há muito tempo, anos 75 ou 76, mas já na altura uma "ps" defendia que quem estava habituado a um certo nível de vida tinha que levar um aumento maior...
A idéia era reduzir o leque salarial, e a questão colocou-se entre a percentagem a dar a um director e a um "office boy"...
Este "moço de recados" tinha crescido, ele e os irmãos, a comer muitas vezes ouriços caixeiros que apanhavam no mato e que a mãe cozinhava, e o director só podia comer "rosbife"... Estás a imaginar a resposta que lhe dei...
:)

Agora sorrio com esta memória, mas na altura a reunião esteve feia...

Um beijo grande

Anónimo disse...

Será que vai ser sempre assim?
Tenho esperança que não.
Nós fazemos a nossa parte...

Um beijo, amigo

Hilário disse...

Fernando,
é por esta e por outras que nós amantes da liberdade e combatentes da exploração, continuaresmos a nossa luta por um mundo melhor.

Um Abraço

Fernando Samuel disse...

ana camarra: esta «normalidade» foi inventada pelos que dela beneficiam...
Um beijo, camarada.

justine: gasta a própria vida...
Um beijo amigo.

samuel: tanto mais quanto é uma tradição com milénios de existência...
Um abraço grande.

poesianopopular: é verdade, camarada.
Um abraço.

antuã: é essa a harmonia capitalista...
Um abraço.

maria: pois: os hábitos de boa vida exigem aumentos maiores do que o hábito de passar fome...
Um beijo grande.

ausenda: um dia deixará de ser assim e passará a ser como deve ser...
Um beijo grande.

hilário: e essa é uma luta que... começou no primeiro dia em que o primeiro homem foi explorado e só terminará no primeiro dia em que todos os homens deixarem de ser explorados...
Um abraço, camarada.