A grande notícia de hoje no DN e no Público - manchete de primeira página em ambos os casos - é a reivindicação de liberdade de voto para os casamentos gay, por parte de uns 20 a 30 deputados do PS.
O outro tema em debate na Assembleia da República - o Código do Trabalho - é abordado pelo DN em página interior e é silenciado pelo Público.
Isto, apesar de o Código do Trabalho ser votado hoje e de a votação dos casamentos gay estar marcada para Outubro.
Isto, apesar de, no primeiro caso estarmos perante uma questão maior, estruturante e, no segundo caso, estarmos perante uma questão epidérmica, digamos assim.
Mas... os média cumprem a sua função: gritar muito sobre o acessório para abafar o essencial.
Todavia, estas notícias suscitam outras, e mais pertinentes, observações.
Registe-se o facto de a posição tomada pelo chefe do grupo parlamentar do PS - Alberto Martins- ao alegar que o PS não pode votar a favor dos casamentos gay porque não tem legitimidade eleitoral para o fazer, isto é: porque não prometeu fazê-lo em programa eleitoral... É o que se chama elevar a hipocrisia e a falsidade aos seus níveis máximos: em primeiro lugar, porque o que diz Alberto Martins não é rigorosamente verdade em relação ao caso dos casamentos gay, dado que a moção de Sócrates, aprovada pelo Congresso do PS em Dezembro de 2007, colocava explicitamente essa questão; em segundo lugar, porque Alberto Martins sabe que o PS jamais se preocupou em cumprir as promessas positivas que faz em campanha eleitoral de caça ao voto, primando, isso sim, pelo seu não cumprimento.
Registe-se, igualmente, o facto, por demais significativo, de esses 20 a 30 deputados do PS não terem sentido necessidade de reivindicar a liberdade de voto no que respeita ao Código do Trabalho - neste caso com toda a legitimidade eleitoral, conhecidas que são as promessas eleitorias feitas pelo PS sobre a matéria.
E essa é a questão principal.
Porque é cumprindo a sua missão de representantes fiéis dos interesses do grande capital que o Governo e os deputados do PS apresentam este Código do Trabalho.
Não tenhamos dúvidas; o Código do Trabalho vai ser aprovado, hoje, na Assembleia da República com os votos dos deputados do PS - e, ao que parece, com as abstenções tácticas do PSD e do CDS, os quais, sabendo que os seus votos não são necessarios para o monstro passar, procedem a um distanciamento eleitoralista em relação a uma lei que sabem saber (e com isso se congratulam) , nesta matéria, a mais retrógada, a mais reaccionária, a mais anti-civilizacional de todas as leis aprovadas em Portugal depois do 25 de Abril.
Como incisivamente acentuou o deputado comunista Francisco Lopes, com este Código do Trabalho, «pela mão do PS escreve-se uma página negra dos direitos e interesses dos trabalhadores e da vida do País».
Pela mão do PS... uma vez mais a juntar a tantas outras em que, ao longo dos últimos 32 anos, o PS se assumiu, de facto, como o partido da contra-revolução de Abril.
O Código do Trabalho vai passar na Assembleia da República, coração da política de direita...
Mas não passará nas ruas - coração da luta dos trabalhadores e das massas populares.
Luta que vai continuar.
Luta que vai intensificar-se.
Luta que vai ampliar-se.
Como veremos no próximo dia 1 de Outubro - e nos que se lhe seguirão.
18 comentários:
É obvio que o aparecimento da questão dos casamentos homossexuais neste momento tem o objectivo claro de abafar uma questão que afecta todos os portugueses com outra que afecta uma minoria. A hipocrisia do PS atinge limites raramente vistos, mas a luta vai crescer e talvez os trabalhadores portugueses consigam mandar este Codigo para onde merece, o caixote do lixo. Um abraço
Sairemos à rua as vezes que forem necessárias.
E que não nos doam as pernas!
Gritaremos bem alto contra a política de direita deste governo.
E que não nos doa a voz!
Um beijo grande
Caro Camarada,
É claro que as questões do casamento gay e o divórcio surgem para abafar o essencial: o código de trabalho e o seu verdadeiro alcance.
O PS tem uma clara opção de classe capitalista e precisa da comunicação social para disfarçar o seu trabalho sujo.
Mas há quem esteja atento o caso do PCP com a campanha "tempo de lutar, tempo de mudar!" e a CGTP com uma jornada de luta para 1 de Outubro.
A luta é o caminho
Cumprimentos Camarada
Mário Figueiredo
A política ao mais alto nível da hipocrisia, da sem-vergonha.
Só uma resposta: a luta Quer dizer-se: a luta. Isto é: a luta. Ou seja: a luta
Grande abraço
Fernando,
já foram votadas as alterações ao Código de Trabalho.
O PS deu a sua maior facada aos direitos dos trabalhadores portugueses depois do 25 de Abril 1974, votando favorávelmente as alterações ao código de trabalho.
Mas nós vamos demonstrar nas ruas deste País, que é lutando, que podemos ainda alterar o que hoje foi aprovado pelos amigos do grande capital.
Um Abraço
Fernando,
já foram votadas as alterações ao Código de Trabalho.
O PS deu a sua maior facada aos direitos dos trabalhadores portugueses depois do 25 de Abril 1974, votando favorávelmente as alterações ao código de trabalho.
Mas nós vamos demonstrar nas ruas deste País, que é lutando, que podemos ainda alterar o que hoje foi aprovado pelos amigos do grande capital.
Um Abraço
Um espectáculo! Um espectáculo!
crixus: sem dúvida que a luta vai crescer - crescerá já no dia 1 de Outubro.
Lá estaremos, camarada.
Um abraço.
maria: não nos doerão as pernas nem a voz - nem esmorecerá a nossa confiança.
Um beijo grande.
Mário Figueiredo: Por isso e para isso cá estamos, camarada: para lutar.
Abraço grande.
zambujal:e esqueceste-te de dizer: a luta...
Abraço grande.
hilário: quando escrevi o meu post, a votação ainda não tinha ocorrido.
A luta espera-nos, camarada.
Um abraço.
dona tela: vamos fazer do 1 de Outubro uma jornada de luta memorável.
O mesmo Ps que em 2003 se rebelou com a proposta de Bagão Felix...Não é?
Esse mesmo!
beijos
A assembleia, dos trabalhadores é tão importante como a Assembleia da Républica, no dia 1 de Outubro vamos ouvir o que ela tem para dizer!
25 de Abril sempre!
Fascismo nunca mais!
Abraço
hoje é um dia amargo.
Apesar das acções do partido das sabujices a luta continua.
ana camarra: Esse mesmo, exactamente...
Um beijo.
poesianopopular: lutar é o caminho...
Um abraço.
antonio lains galamba: ...mas que dá mais força à luta...
Um abraço.
antuã: claro: até porque as acções desse partido já não são surpresa para nós.
Um abraço.
Abolição da escravatura
A escravatura foi abolida em 25 de Fevereiro de 1860, tendo sido proclamada a abolição da escravatura em todo o império Português, sendo a mesma definitiva em 1878, agora passados 130 anos, um governo dito Socialista repôs a escravatura aos trabalhadores Portugueses, através da alteração do código de trabalho, tendo Sócrates e companhia, nomeadamente a UGT, contribuído para a imposição “feudal” dos interesses dos “grandes senhores deste pais”.
Pela mão do PS...
A tal "mãozinha de reaça"!
Como isto já vem de tão longe...
rui silva
formiga: e a nós cabe-nos dar-lhes a resposta adequada, através da luta.
rui silva: é verdade, a «mãozinha de reaça» já tem 30 e tal anos...
O PS chegou a um ponto crítico do seu percurso. Já não tem como disfarçar a hipocrisia nem o lado em que sempre se posicionou.
dia 1 daremos a devida resposta.
Um abraço
alex campos: dia 1 lá estaremos - a dizer que nos dias seguintes lá voltaremos...
Um abraço grande.
Enviar um comentário