«O Tempo e a Memória» é o título genérico das crónias que Mário Soares publica, todas as terças feiras, no DN - crónicas que, com frequência, nos mostram um Soares muito, muito diferente do líder da contra-revolução de Abril financiada pelo capitalismo internacional.
Nunca é tarde para corrigir erros e mudar, dir-se-á. E é verdade.
Só que não me parece que, no caso de Soares, se trate de uma mudança, mas antes de um daqueles exercícios em que ele é mestre e que consiste em dizer, em cada momento, o que mais lhe interessa que seja dito - mesmo que, ontem, tenha dito o contrário, e amanhã volte a fazê-lo.
Sem dúvida que são louváveis as críticas severas de Soares às «intervenções militares» dos EUA na América Latina, «promovendo por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes»; sem dúvida que é louvável o alerta de Soares para o recente «toque da sineta dos interesses das grandes multinacionais» que fez Bush virar as suas baterias para a Bolívia e a Venezuela...
Todavia, o que me leva a, pelo menos, desconfiar da sinceridade de tais críticas e alertas, é o facto de Soares não dizer uma palavra sobre a sua atitude face a algumas dessas «intervenções militares» - e a minha memória lembra-me, por exemplo, os aplausos entusiásticos com que Soares festejou a brutal invasão e ocupação de Granada pelos marines norte-americanos...
Enfim, é «o tempo e a memória» de Soares: o tempo em que era um homem de mão do imperialismo norte-americano; e a memória apagada desse tempo...
Nunca é tarde para corrigir erros e mudar, dir-se-á. E é verdade.
Só que não me parece que, no caso de Soares, se trate de uma mudança, mas antes de um daqueles exercícios em que ele é mestre e que consiste em dizer, em cada momento, o que mais lhe interessa que seja dito - mesmo que, ontem, tenha dito o contrário, e amanhã volte a fazê-lo.
Sem dúvida que são louváveis as críticas severas de Soares às «intervenções militares» dos EUA na América Latina, «promovendo por toda a região ditaduras militares, derrubando, directa ou indirectamente, as democracias existentes»; sem dúvida que é louvável o alerta de Soares para o recente «toque da sineta dos interesses das grandes multinacionais» que fez Bush virar as suas baterias para a Bolívia e a Venezuela...
Todavia, o que me leva a, pelo menos, desconfiar da sinceridade de tais críticas e alertas, é o facto de Soares não dizer uma palavra sobre a sua atitude face a algumas dessas «intervenções militares» - e a minha memória lembra-me, por exemplo, os aplausos entusiásticos com que Soares festejou a brutal invasão e ocupação de Granada pelos marines norte-americanos...
Enfim, é «o tempo e a memória» de Soares: o tempo em que era um homem de mão do imperialismo norte-americano; e a memória apagada desse tempo...
12 comentários:
Ele memória tem. Tempo já não terá muito. E vai querer ficar na História com um retrato bonito, retocado, o rei da liberdade, o que concretizou a adesão de Portugal à UE, o que etc e tal...
Por isso vai escrevendo coisas, umas para um lado, outras para o outro.
Lembro-me de uma vez, no cemitério dos Prazeres, o Camarada Álvaro lhe ter proposto a realização de uma conferência sobre o Fascismo, ao que ele disse Sim, mas no fundo foi um NIM. Porque essa conferência nunca se realizou, nem lhe interessava...
Um beijo grande
Soares lembra-me muita coisa, infelizmente!
Lembra-me do ano que me cortaram metade do subsidio de férias ou Natal, já não tenho a certeza, em nome da redução da divida publica e do defice, para variar...
Lembra-me a mudança nas relações de trabalho, o começo dos despedimentos colectivos, dos salários em atrazo, dos contratos a prazo.
Lembra-me, não porque "vivesse" de facto o momento, era pequena, a criação da UGT e o fim da Unidade Sindical, dando mais força á outra parte.
Lembra-me ainda o estado em que o país estava que levou o general de pau a dissolver a Assembleia da Républica....
Era Soares Primeiro Ministro.
De facto a memória destes senhores é muito mais curta que a minha, porque o sr. Silva também fala da mesma forma, como se não tivessem contribuido e muito para o estado a que isto chegou....
beijocas
Eu não vou comentar nada sobre esta pessoa!
Já estou a sentir vómitos!
Desculpa
maria:... umas para um lado, outras para o outro: e ai está o tipo definido...
Um beijo.
ana camarra: e a verdade é que todas as lembranças que temos dele, são desse género...
Um beijo.
poesianopopular: não é preciso pedires desculpa, camarada...
Abraço.
insuportável esse Soares.
O sr dr.Mario Soares deve sofrer de Alzeimer, já se esqueceu que era intimo amigo do sr.Carluci chefe da CIA. Eu não me esqueço dos 600 trabalhadores que ele ordenou a adm. da Lisnave para que fossem despedidos entre eles casais e viuvas de trabalhadores que morreram na Lisnave. Fui ele o sr Freitas do Amaral e o sr Sá Carneiro os mentores da UGT para quebrar a espinha a CGTP/IN.
Saudações Comunistas.
Tonho Ze
Não acredito que Soares esteja esquecido seja do que for. Ele consegue é ser o maior hipocrita do Mundo, ainda quando defende coisas justissimas, como será o caso. Estou certo que a História lhe pedirá contas, como já está a pedir, da sua acção em Portugal, onde impediu que se construisse uma sociedade justa, democratica e progressista. Infelizmente é o povo que paga e pagará a factura.
Fernando,
Soares, meteu o socialismo na gaveta.
Soares, criou a UGT para enfraquecer a Intersindical
Soares, criou os contratos a prazo
Soares, criou o tal imposto Suplementar no Sub.Natal
Soares, etc,etc,etc,etc,etc
Um Abraço
antuã: insuportável, dizes muito bem...
Abraço.
tonho ze: as responsabilidades dele são tantas e tão graves que nunca poderemos esquecê-las.
Um abraço comunista.
crixus: nem está esquecido nem está arrependido...
Um abraço.
hilário: e mais etc, etc, etc...
Um abraço.
Um dia, nos bastidores do Festival RTP da cantiga, um colega violentamente famoso pelas suas músicas poderosamente comercialonas, gabava-se de ter este grande disco de fulano e beltrano, de ter assistido a um concerto memorável de jazz em tal parte, etc, etc... até que um de nós lhe perguntou "se só gostas de música tão boa, porque é que fazes algumas das músicas que fazes?"
Ele nem se ofendeu, nem pestanejou.
"Uma coisa é a música de que gosto intelectualmente. Outra coisa é a que faço para fazer dinheiro!"
Ficámos esclarecidos e sem resposta...
Abraço
samuel: resposta esclarecedoríssima...
Um abraço.
vão-me desculpar o palavreado:
Soares é como o cagar, é fixe...
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