Sempre que ouço falar do Juíz Garzón, arrepio-me e encomendo-me.
Porque:
1 - nunca percebi a origem dos imensos poderes de que o homem dispõe - poderes que lhe permitem mandar prender gente em qualquer país do mundo (excepto nos EUA, obviamente);
2 - esses poderes são sempre utilizados para prender gente que, de uma forma ou doutra e de formas certas ou erradas, combate o sistema dominante;
3 - a única vez em que o Juíz utilizou o seu poder noutra direcção, foi quando mandou prender o fascista Pinochet - mas afinal, veio a saber-se depois, mandou-o prender na Inglaterra para evitar, na altura, que ele fosse preso no Chile...
E continuo a interrogar-me: onde é que este homem foi buscar tantos e tão planetários poderes?
E continuo arrepiado e sempre à espera que uma manhã - às sete da manhã, como antigamente... - me arrombe a porta uma brigada munida da respectiva ordem de prisão assinada pelo justiceiro Garzón.
Uma notícia que li ontem, dizia-me que o Juiz Garzón, com a colaboração de uma denominada Associação para a Recuperação da Memória Histórica, estava agora a «esclarecer o destino de milhares de desaparecidos durante a Guerra Civil de Espanha e a apurar números sobre pessoas que foram mortas».
A notícia não esclarece se o Juiz e a Associação querem saber apenas para saber, ou se pretendem saber para... sei lá, ir castigar os descendentes dos que mataram e mandaram matar, ou coisa assim.
E essa é uma dúvida que me peocupa - e me arrepia, naturalmente...
Pelas razões acima referidas, em primeiro lugar.
E, em segundo lugar, pelos dados que o Juiz e a Associação já apuraram e divulgaram:
«150. 000 pessoas terão sido mortas pelas forças nacionalistas de Franco. Os republicanos terão assassinado 60. 000 pessoas».
Sublinhando a subtil distinção entre morte (atribuída aos fascistas) e assassínio (atribuído aos republicanos);
sublinhando igualmente a minha desconfiança por estes números exactos - nem mais um nem menos um... - que me cheiram sempre a manipulação;
sublinho, ainda, o facto de o par Garzón/ Associação meter no mesmo saco uns e outros mortos, como se as culpas fossem metade-metade para cada lado. Isto é: como se os «150. 000», mais os «60. 000» não resultassem, todos, do golpe fascista de Franco que originou a Guerra Civil - e como se a responsabilidade pela morte, na Guerra, de cerca de um milhão de pessoas fosse, também ela, metade para o Governo de Frente Popular democraticamente eleito, e a outra metade para as hordas assassinas de Franco, apoiadas por Hitler, por Mussolini e por Salazar...
E depois destes sublinhados todos, resta-me sublinhar a minha convicção de que este Garzón e esta Associação são perigosos.
Sublinho, então: Cuidado com eles!
Porque:
1 - nunca percebi a origem dos imensos poderes de que o homem dispõe - poderes que lhe permitem mandar prender gente em qualquer país do mundo (excepto nos EUA, obviamente);
2 - esses poderes são sempre utilizados para prender gente que, de uma forma ou doutra e de formas certas ou erradas, combate o sistema dominante;
3 - a única vez em que o Juíz utilizou o seu poder noutra direcção, foi quando mandou prender o fascista Pinochet - mas afinal, veio a saber-se depois, mandou-o prender na Inglaterra para evitar, na altura, que ele fosse preso no Chile...
E continuo a interrogar-me: onde é que este homem foi buscar tantos e tão planetários poderes?
E continuo arrepiado e sempre à espera que uma manhã - às sete da manhã, como antigamente... - me arrombe a porta uma brigada munida da respectiva ordem de prisão assinada pelo justiceiro Garzón.
Uma notícia que li ontem, dizia-me que o Juiz Garzón, com a colaboração de uma denominada Associação para a Recuperação da Memória Histórica, estava agora a «esclarecer o destino de milhares de desaparecidos durante a Guerra Civil de Espanha e a apurar números sobre pessoas que foram mortas».
A notícia não esclarece se o Juiz e a Associação querem saber apenas para saber, ou se pretendem saber para... sei lá, ir castigar os descendentes dos que mataram e mandaram matar, ou coisa assim.
E essa é uma dúvida que me peocupa - e me arrepia, naturalmente...
Pelas razões acima referidas, em primeiro lugar.
E, em segundo lugar, pelos dados que o Juiz e a Associação já apuraram e divulgaram:
«150. 000 pessoas terão sido mortas pelas forças nacionalistas de Franco. Os republicanos terão assassinado 60. 000 pessoas».
Sublinhando a subtil distinção entre morte (atribuída aos fascistas) e assassínio (atribuído aos republicanos);
sublinhando igualmente a minha desconfiança por estes números exactos - nem mais um nem menos um... - que me cheiram sempre a manipulação;
sublinho, ainda, o facto de o par Garzón/ Associação meter no mesmo saco uns e outros mortos, como se as culpas fossem metade-metade para cada lado. Isto é: como se os «150. 000», mais os «60. 000» não resultassem, todos, do golpe fascista de Franco que originou a Guerra Civil - e como se a responsabilidade pela morte, na Guerra, de cerca de um milhão de pessoas fosse, também ela, metade para o Governo de Frente Popular democraticamente eleito, e a outra metade para as hordas assassinas de Franco, apoiadas por Hitler, por Mussolini e por Salazar...
E depois destes sublinhados todos, resta-me sublinhar a minha convicção de que este Garzón e esta Associação são perigosos.
Sublinho, então: Cuidado com eles!
12 comentários:
F. Samuel
Já tinha pensado nisso, é realmante espantoso o poder deste juiz, mas analizando o sistema destas merdocracias europrias, acho normal, mas, lá que é preciso ter cuidado...é!
A verdade é que:-não é por isso que vamos deixar de lutar.
Esta deve ser a primeira vez que alguém (que eu veja) escreve assim, preto no branco, exactamente o que penso e a profunda desconfiança que tenho desse justiceiro.
Obrigado!
Abraço
Para mim este senhora é de raça trepadora.
De ve querer um poleiro, bem alto e bem firme.
Afinal a sua remetidapor exemplo contra Pinochet resultou no ar de um balão, em nada...
Sou resultou naquilo que sabemos Garzon tornou-se mundialmente famoso.
E sim, tenho uma imensa desconfiança em relação a ele, um superheroi solitário, actuando impunemente sobre um capa de falsa Justiça e Coragem.
beijos
um dia dirão que é o justiceiro enviado por deus. Apesar dos juízes estarem sujeitos à lei, desde os princípios gerais de direito até à postura municipal, este senhor faz o que quer e que lhe apetece. a soldo de quem?!...
Nunca gostei do ar petulante, distante e mandão deste juiz.
A ele se deve (não só) o desmantelamento da ETA e do Batasuna, com fortes medidas repressivas.
Qual o futuro que os espanhóis lhe tencionam dar?
GR
Camarada,
Estás sempre atento. É necessário esclarecer e alertar sempre.
Estas pequenas subtilezas morte/assassinado entram no subconsciente do Homem e conseguem catalogar pessoas, acções, associações, movimentos e partidos com estas "inofensivas" palavras.
Desmascarar, desmascarar sempre o imperialismo mesmo quando se pensa que o caso tem pouco significado (o que não é o casa).
Cumprimentos
Mário Figueiredo
poesianopopular: deixar de lutar, nunca.
Abraço.
samuel: abraço grande.
ana camarra: de raça trepadora: bem visto.
Um beijo.
antuã: e quem é que çhe terá dado tantos poderes?...
Um abraço.
gr: este juiz cheira a polícia...
Um beijo.
Se calhar, era este que o Sócrates queria como seu secretário-geral da "tal coisa"; mas parece que tinha de ser português e lá teve que ser o outro, o "não sei quantos". Paciência...
rui silva
rui silva: em todo o caso, estão bem um para o outro...
Um abraço.
embora pense que o destino de milhares e milhares de desaparecidos, na guerra civil espanhola deveria ser conhecido,até porque ainda estão muitas feridas por sarar, acho que de facto esse senhor mais parece um justiceiro de banda desenhada um super-herói, sempre á saça dos mesmos...
perdão queria dizer caça!
Mário Figueiredo: é isso: desmascarar, desmascarar sempre.
Abraço.
julio: de acordo.
Abraço.
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