Exposição


Tabernas do sul

Ao sul, encontra-as quem percorrer uma fiada de cal, feita casas ou o grito dos homens. Desce-se, habitualmente, dois ou três degraus, reminiscência do gesto feminino de ir à cisterna. Aqui, ao contrário dos livros sagrados que nos querem impor junto com a exploração, a frescura está rente ao subsolo, talvez poeticamente buscando as raízes das glicínias ou dos limoeiros onde todos procuram mezinhas, mais para sossego da consciência do que das chagas. Tabernas do sul. São faróis ao cansaço dos homens, teimando ante a canícula a fúria de estarem vivos. Ainda que velhos. Os novos partiram. Ficaram sonhos, aguardando o seu regresso. Depositados no local das navalhas, do vinho, das raivas e dos afectos, estão junto a estes homens que o João fotografou. Sintam-lhe o cheiro. E saberão que vento de ternura é este de que vos falo.
António Lains Galamba
Antropólogo

4 comentários:

trepadeira disse...

Embora a vida que nos querem impor,e as minhas costas,não estejam para grandes viagens,vou fazer o possível.

Um abraço,
mário

O Puma disse...

Boa partilha

Abraço

Graciete Rietsch disse...

Grande antropólogo e grande escritor.

Um beijo.

cid simoes disse...

Onde entre dois copos se tecia a revolta.