AO REVOLUCIONÁRIO VASCO GONÇALVES
Queria usar a língua em que escrevi
os versos mudos da poesia lírica
para o discurso prático
da revolução escrita.
Ninguém já entendia o vapor grave
e gasto da linguagem.
Durante a desejámos, canto enquanto
desejo, com o gasto
movimento dos versos. Quem entende
a voz da sua boca equivocada?
Desconheço o silêncio. Conheci-o
com o entendimento de quem vive.
Por isso este poema não é épico,
é um simples
poema em quadras íntimas:
um revolucionário
não cabe na política
mas cabe
nos metros úteis da poesia escrita.
Gastão Cruz
5 comentários:
E cabe eternamente no coração de quem o amou e ama - no coração do povo.
Um beijo grande
Exactamente como diz a Maria.
Cabe no coração, que para o mal, pode ser um beco escuro e frio, mas para o bem, pode ser o lugar mais luminoso e maior do universo.
Abraço
O nosso querido Vasco é, um poema.
Diariamente leio um verso, escuto ao longe “Força, Companheiro Vasco!”
Vejo o seu doce sorriso.
Como nos dá força, para lutar!
GR
Estive à conversa com Vasco Gonçalves, uns quinze dias antes dele nos deixar.
Para mim o espirito mais lúcido e avançado do 25 de Abril.
Para mim o mais simples e de bondade extrema que encontrei naquele movimento.
Para mim, nasceu cedo de mais para o país que somos. Talvez por isso, também nos deixou cedo de mais.
Um dia, disse-lhe que se eu tivesse que reproduzir algo que retratasse a nossa revolução, seriam os seus traços, e além do traço negro, a unica cor que se destacaria seria a de um rubro cravo. Riu-se e disse-me que havia outros homens que mereciam mais do que ele.
Quando o abracei, disse-lhe que para mim, não.
Fantástico!
beijos
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