POEMA

COMBOIO


XXX


(Soneto torto, improvisado depois de conversar sobre Arte com um filho preso. É impossível fazer versos bons quando se sofre. A poesia nasce do frio e do desdém.)


Onde estás, chave perdida
daquela sala
onde eu dantes guardava vida
para depois imaginá-la?

Quarto às escuras
em que nenhuma chave
agora cabe
nas fechaduras...

Sala deserta
onde nunca entraria
mesmo que encontrasse a porta aberta.

Não, não quero tornar a inventar a vida
nem dar lógica de beleza à dor
no quarto da chave apodrecida.


José Gomes Ferreira

5 comentários:

samuel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
samuel disse...

Por vezes são coisas como a beleza e a reinvenção da vida que nos ajudam a saír dos lugares mais escuros e sinistros...

Abraço.

(o comentário apagado era este... e não faço ideia de que "bug" é que o apagou sem eu querer...)

Graciete Rietsch disse...

A pesia é uma maneira muito bela de exprimir sentimentos.
E José Gomes Ferreira era um Mestre.

Um beijo.

GR disse...

José Gomes Ferreira,
Sempre o poeta militante que nos comove com as suas palavras.

Bjs

GR

Fernando Samuel disse...

samuel: como falar sobre Arte com um filho preso...
Um abraço.

Graciete Rietsch: um Grande Mestre.
Um beijo.

GR: uma certa maneira de militar...
Um beijo.