Eis os factos:
o Parlamento Europeu enviou uma equipa de «observadores» com a tarefa de observarem a democraticidade, ou a falta dela, no referendo que hoje se realiza na Venezuela.
Um dos observadores - o eurodeputado espanhol Luis Herrero - oportunamente entrevistado pelo canal privado de televisão Globovision, dirigiu um apelo aos venezuelanos, no qual, a dada altura, dizia:
«que nunca votem deixando-se levar pelo medo que um ditador lhes quer impor de forma premeditada. Que os venezuelanos jamais se esqueçam que são cidadãos livres, que devem votar em plena liberdade e como o desejam».
A Comissão Eleitoral Venezuelana considerou «ofensivas» as declarações do eurodeputado e ordenou a sua expulsão do país.
A odisseia do pobre deputado - vítima do terrível ditador... - tem sido relatada nos mais ínfimos pormenores pelos média internacionais - isto apesar de o eurodeputado Herrera dizer (já em S. Paulo, Brasil) que «não quero ser protagonista», para logo acrescentar, cheio de solidariedade democrática: «as verdadeiras vítimas são os venezuelanos, que suportam esse senhor há dez anos»...
Para completar a operação, o presidente do Partido Popular Europeu, Joseph Daul, veio a público proclamar que a expulsão do eurodeputado «confirma que Hugo Chávez se está a desviar cada vez mais das liberdades fundamentais que devem ser respeitadas em democracia» - e o eurodeputado português Sérgio Marques (que faz parte do grupo de «observadores»), disse à Lusa: «Acho que, independentemente das afirmações que fez - e não as vou comentar, ele tem total liberdade de expressão - o comportamento da polícia venezuelana esteve muito longe de ser correcto, um deputado não pode ser detido, muito menos nas condições em que o foi».
Pronto: está a estrangeirinha montada e em andamento.
Aliás, à boa maneira da democracia dominante e sem inovações: trata-se de uma provocação típica na qual, invocando a «democracia e a liberdade» e com o apoio dos média à escala mundial, se atenta, de facto, contra a democracia e a liberdade.
Estas equipas de «observadores» que se deslocam a vários países com o objectivo proclamado de fiscalizarem a democraticidade das eleições aí realizadas, são sinais típicos dos tempos que vivemos.
Tais práticas, além do mais, tendem a instalar a ideia de que, nos países desses «obervadores» as eleições constituem exemplos acabados de respeito pela democracia e pela liberdade - ideia falsa e perigosa, e que constitui um dos maiores embustes do sistema hoje dominante no mundo.
O eurodeputado espanhol que está a protagonizar esta provocação baixa, quando chama «ditador» ao presidente da Venezuela,
sabe que Hugo Chávez foi eleito em eleições mil vezes mais democráticas do que aquelas em que ele, eurodeputado espanhol, foi eleito;
sabe que Hugo Chávez foi eleito por uma percentagem de eleitores infinitamente maior do que a que elegeu o primeiro-ministro de Espanha ou de qualquer outro país de União Europeia;
sabe, até, que Hugo Chávez, há 10 anos Presidente da Venezuela, foi eleito! - ao contrário, por exemplo, de Juan Carlos, «Rei de todos os espanhóis» há quase 34 anos, até ver...
o Parlamento Europeu enviou uma equipa de «observadores» com a tarefa de observarem a democraticidade, ou a falta dela, no referendo que hoje se realiza na Venezuela.
Um dos observadores - o eurodeputado espanhol Luis Herrero - oportunamente entrevistado pelo canal privado de televisão Globovision, dirigiu um apelo aos venezuelanos, no qual, a dada altura, dizia:
«que nunca votem deixando-se levar pelo medo que um ditador lhes quer impor de forma premeditada. Que os venezuelanos jamais se esqueçam que são cidadãos livres, que devem votar em plena liberdade e como o desejam».
A Comissão Eleitoral Venezuelana considerou «ofensivas» as declarações do eurodeputado e ordenou a sua expulsão do país.
A odisseia do pobre deputado - vítima do terrível ditador... - tem sido relatada nos mais ínfimos pormenores pelos média internacionais - isto apesar de o eurodeputado Herrera dizer (já em S. Paulo, Brasil) que «não quero ser protagonista», para logo acrescentar, cheio de solidariedade democrática: «as verdadeiras vítimas são os venezuelanos, que suportam esse senhor há dez anos»...
Para completar a operação, o presidente do Partido Popular Europeu, Joseph Daul, veio a público proclamar que a expulsão do eurodeputado «confirma que Hugo Chávez se está a desviar cada vez mais das liberdades fundamentais que devem ser respeitadas em democracia» - e o eurodeputado português Sérgio Marques (que faz parte do grupo de «observadores»), disse à Lusa: «Acho que, independentemente das afirmações que fez - e não as vou comentar, ele tem total liberdade de expressão - o comportamento da polícia venezuelana esteve muito longe de ser correcto, um deputado não pode ser detido, muito menos nas condições em que o foi».
Pronto: está a estrangeirinha montada e em andamento.
Aliás, à boa maneira da democracia dominante e sem inovações: trata-se de uma provocação típica na qual, invocando a «democracia e a liberdade» e com o apoio dos média à escala mundial, se atenta, de facto, contra a democracia e a liberdade.
Estas equipas de «observadores» que se deslocam a vários países com o objectivo proclamado de fiscalizarem a democraticidade das eleições aí realizadas, são sinais típicos dos tempos que vivemos.
Tais práticas, além do mais, tendem a instalar a ideia de que, nos países desses «obervadores» as eleições constituem exemplos acabados de respeito pela democracia e pela liberdade - ideia falsa e perigosa, e que constitui um dos maiores embustes do sistema hoje dominante no mundo.
O eurodeputado espanhol que está a protagonizar esta provocação baixa, quando chama «ditador» ao presidente da Venezuela,
sabe que Hugo Chávez foi eleito em eleições mil vezes mais democráticas do que aquelas em que ele, eurodeputado espanhol, foi eleito;
sabe que Hugo Chávez foi eleito por uma percentagem de eleitores infinitamente maior do que a que elegeu o primeiro-ministro de Espanha ou de qualquer outro país de União Europeia;
sabe, até, que Hugo Chávez, há 10 anos Presidente da Venezuela, foi eleito! - ao contrário, por exemplo, de Juan Carlos, «Rei de todos os espanhóis» há quase 34 anos, até ver...
11 comentários:
Grande texto!
A parte final devia, sei lá... ser esfregada na cara de certos comentadores e colunistas...
Abraço
Ler:
http://www.blackagendareport.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1008&Itemid=1
As tuas palavras são setas apontadas, contra esses covardesitos que para aí andam a pavanear-se armados em arautos da democracia, querendo vender gato, a quem oferece lebre.
Eles já perceberam que estão condenados! É só uma questão de tempo.
Prosas como esta que acabas de escrever , ajudam a abrir os olhos a muitos, incluindo os que não querem ver.
Abraço
A monarquia é o sistema mais democrático que existe, está bem de ver. Até porque os filhos sucedem aos pais. Tudo lá na mesma casa... democraticamente...
Um beijo grande
Magnífico!
Este texto tem que seguir via (todos) os e-mail. O último parágrafo é a cereja em cima do bolo.
Parabéns!
GR
Eleito e bem eleito...
Abraço
os reis até têm sangue azul excepto quando enfiam os cornos numa parede momento em que o sangue passa a vermelho. Desculpa a brutalidade deste comentário mas estas bestas estão a merecê-lo.
O mais espantoso é que ao ouvir a notícia na rádio nada disto foi referido. E era a Antena 1.
Obrigado pelo texto, abraço
O homenzito deve ter-se sentido inchado, pensando talvez ter a força da besta que disse "porque no te callas"...
Corrido e muito bem corrido!
Rui Silva
Fernando Samuel
Estranho é que nunca tais senhores se tenham preocupado com outras coisas, por exemplo em observar a re-eleição de George W. Bush, o Governo de Pinochet, de Suarto, de Uribe, tantos, tantos...
Estamos peranto um processo democrático selectivo.
Depois como referes assim de repente Chefes de Estado eleitos democráticamente: Juam Carlos, pois então, a Rainha da Holanda e do Reino Unido, o Grão Duque do Luxemburgo, o Principe do Mónaco, os Reis da Suécia, Dinamarca, o Chefe de Estado do Vaticano, tudo malta legitimamente eleita!
Beijos
samuel: e nem isso os levaria a aceitar a verdade...
Um abraço.
Jorge: lá irei.
Um abraço.
poesianopular: e é mesmo uma questão de tempo.
Um abraço.
Maria: assim é que é bonito, os filhos sucedem aos pais...
Um beijo grande.
GR: um beijo grande, camarada.
Ludo Rex: e o resto são cantigas...
Um abraço.
Antuã: brutalidade?...
Um abraço.
Miguel J: é claro...
Um abraço.
Rui Silva; corrido e bem corrido, dizes bem.
Um abraço.
Ana Camarra:eles interessam-se apenas... pelo que lhes interessa...
Um beijo.
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