Como se esperava, os jornais portugueses não ficaram satisfeitos com a concludente vitória do «sim» no referendo da Venezuela - vitória que, nas circunstâncias em que foi obtida, pode e deve considerar-se histórica.
Apenas o Diário de Notícias traz a notícia para a primeira página e todos, incluindo o DN, repetem a cassete de falsidades que exaustivamente têm vindo a utilizar: «Chávez "agarra" poder perpétuo»; «Chávez vai manter-se no cargo sem prazo»; «Chávez vai manter-se, indefinidamente, no cargo»; «Chávez colado à cadeira do poder»; «Venezuelanos dão carta branca a "messias" Chávez»; «Chávez para sempre»; enfim, «Chávez é o paradigma de um certo populismo»...
Se o resultado tivesse sido o oposto, imagine-se o que seriam as primeiras páginas de todos estes jornais!...
Os jornais que refiro (DN, JN, Correio da Manhã, Diário Económico e Público) repetem-se, igualmente, na decisão de, sobre o referendo, darem a palavra... à «oposição venezuelana» e aos «analistas» - que analisam ao jeito dos jornais portugueses: «A vitória do «sim» não é o ponto final da discussão venezuelana. Há ainda muitas cartas para jogar» - ameaçam.
E os «analistas» de cá deixam um alerta de sentido inequívoco: «A expressão de votos, em democracia, fala mais alto do que quaisquer tiradas teóricas, mas pode, por vezes, constituir um grito destravado que torna inaudível a própria democracia»...
A bom entendedor...
Ora a verdade é que, quer eles queiram quer não, o referendo constitucional venezuelano é uma demonstração da democracia, de facto, existente naquele País.
Senão vejamos:
Os deputados bolivarianos no Parlamento da Venezuela são amplamente maioritários, pelo que, se Chávez quisesse, em vez de convocar um referendo teria levado a proposta de revisão constitucional ao Parlamento e tê-la-ia feito aprovar sem qualquer dificuldade - e, claro, sem permitir que o povo se pronunciasse de forma directa.
Imagine-se, agora, que Chávez tinha seguido esse caminho: o que para aí não iria de acusações de totalitarismo, ditadura, opressão, violação das liberdades e dos direitos humanos, eu sei lá!...
E no entanto, se Chávez tivesse optado por tal caminho, teria feito exactamente o que o PS e PSD têm feito nos últimos 32 anos, em que, recorde-se, já procederam a 7 revisões da Constituição da República Portuguesa (nalguns casos revisões de fundo: que desprezaram os próprios limites materiais da Constituição e que tornaram reversível o que a Lei Fundamental do País dizia ser irreversível), sem nunca recorrerem ao referendo e recorrendo sempre à utilização abusiva da maioria de que dispôem no Parlamento.
E, já agora, imagine-se também o que diriam os jornais portugueses se Chávez tivesse dito e feito assim:
Como não tenho a certeza de que o «sim» vai ganhar, não há referendo para ninguém: a emenda constitucional vai ao Parlamento onde tenho a aprovação garantida.
Senhores, o que por aí não iria!...
E, no entanto, se Chávez tivesse dito e feito assim estaria a dizer e a fazer exactamente o que os governantes portugueses fizeram para assegurar a «vitória» do «sim» ao Tratado de Lisboa...
Desculpem o desabafo: já não tenho pachorra para aturar esta cambada.
Apenas o Diário de Notícias traz a notícia para a primeira página e todos, incluindo o DN, repetem a cassete de falsidades que exaustivamente têm vindo a utilizar: «Chávez "agarra" poder perpétuo»; «Chávez vai manter-se no cargo sem prazo»; «Chávez vai manter-se, indefinidamente, no cargo»; «Chávez colado à cadeira do poder»; «Venezuelanos dão carta branca a "messias" Chávez»; «Chávez para sempre»; enfim, «Chávez é o paradigma de um certo populismo»...
Se o resultado tivesse sido o oposto, imagine-se o que seriam as primeiras páginas de todos estes jornais!...
Os jornais que refiro (DN, JN, Correio da Manhã, Diário Económico e Público) repetem-se, igualmente, na decisão de, sobre o referendo, darem a palavra... à «oposição venezuelana» e aos «analistas» - que analisam ao jeito dos jornais portugueses: «A vitória do «sim» não é o ponto final da discussão venezuelana. Há ainda muitas cartas para jogar» - ameaçam.
E os «analistas» de cá deixam um alerta de sentido inequívoco: «A expressão de votos, em democracia, fala mais alto do que quaisquer tiradas teóricas, mas pode, por vezes, constituir um grito destravado que torna inaudível a própria democracia»...
A bom entendedor...
Ora a verdade é que, quer eles queiram quer não, o referendo constitucional venezuelano é uma demonstração da democracia, de facto, existente naquele País.
Senão vejamos:
Os deputados bolivarianos no Parlamento da Venezuela são amplamente maioritários, pelo que, se Chávez quisesse, em vez de convocar um referendo teria levado a proposta de revisão constitucional ao Parlamento e tê-la-ia feito aprovar sem qualquer dificuldade - e, claro, sem permitir que o povo se pronunciasse de forma directa.
Imagine-se, agora, que Chávez tinha seguido esse caminho: o que para aí não iria de acusações de totalitarismo, ditadura, opressão, violação das liberdades e dos direitos humanos, eu sei lá!...
E no entanto, se Chávez tivesse optado por tal caminho, teria feito exactamente o que o PS e PSD têm feito nos últimos 32 anos, em que, recorde-se, já procederam a 7 revisões da Constituição da República Portuguesa (nalguns casos revisões de fundo: que desprezaram os próprios limites materiais da Constituição e que tornaram reversível o que a Lei Fundamental do País dizia ser irreversível), sem nunca recorrerem ao referendo e recorrendo sempre à utilização abusiva da maioria de que dispôem no Parlamento.
E, já agora, imagine-se também o que diriam os jornais portugueses se Chávez tivesse dito e feito assim:
Como não tenho a certeza de que o «sim» vai ganhar, não há referendo para ninguém: a emenda constitucional vai ao Parlamento onde tenho a aprovação garantida.
Senhores, o que por aí não iria!...
E, no entanto, se Chávez tivesse dito e feito assim estaria a dizer e a fazer exactamente o que os governantes portugueses fizeram para assegurar a «vitória» do «sim» ao Tratado de Lisboa...
Desculpem o desabafo: já não tenho pachorra para aturar esta cambada.
17 comentários:
Aqui há tempos um dos comentadores de serviço dizia qualquer coisa do género "uuu que mau! Chávez troca o petróleo, que roubou às multinacionais, por alimentos e educação para o povo"... irra! e a dizer a coisa como se isto fosse o maior dos crimes. Não há mesmo pachorra para esta cambada!!!
Excelente (como sempre) este post.
Percebo que não tenhas pachorra, eu já a perdi há muito tempo!
... e olha o fígado...
Um beijo grande
é como eu. tambem não tenho pachorra de ver os partidos da esquerda portuguesa a elogiar vitórias populistas do ditador chavez. dou uma sugestão: vão para lá fazer politica e escrever em jornais já que os de que sao tendenciosos e os de lá nao.
J.Z.Mattos
Fernando Samuel
A máxima desta gente é faz como digo, não faças como cá se faz!
Mudanças na Constituição, entrada para a UE, adesão ao Euro, nada disso foi referendado neste país, foi imposto através de um cozinhado entre o rosa e o laranja.
beijos
O botas é que tinha razão o povo não está preparado para votar...
E só vota bem se for em mim!
Abraço.
Saudações pelo acertado exercício de estudo comparativo que fizeste, entre as práticas democráticas na Venezuela anti-imperialista e as condenáveis políticas autoritárias, anti-democráticas, em uso há já 33 anos neste nosso Portugal, que de Abril já muito pouco tem.
Mas a luta acabará por escorraçar estes "democratas" socratistas, para desgosto de "J.Z.Mattos" e de alguns (poucos, felizmente)outros seus vesgos e azedados apoiantes.
Um abraço!
De vez em quando aparecem por aqui uns desabafos asnáticos.
é verdade, sao "desabafos asnáticos".
bem socratista tou longe disso, mas o socrates e o ditadorzeco é que sao amigalhaços.
ate gostava de saber qual a vossa opinião sobre isso. de um lado o defensor da politica (e dos tais jornais do capital) de direita de outro um "heroi".
J.Z.Mattos
Obrigado camarada Fernando Samuel, o Povo da Venezuela agradece o teu gesto solidário.
Os amigos da Venezuela Revolucionária têm agora
mais informação em português no Novo Blog do colectivo "Tirem as Mãos da Venezuela" em (lê, participa, comenta, divulga...):
http://tirem-as-maos-da-venezuela.blogs.sapo.pt/
A Revolução é a solução para a crise!
Hu Ah! Chávez no se va!
Chávez é o Vasco Gonçaves da Venezuela!
VENEZUELA: UMA VITÓRIA DE TODOS OS POVOS
Os 54,36% dos venezuelanos que votaram "sim" no referendo de domingo deram o seu apoio à Revolução Bolivariana e ao Socialismo. Foi uma pesada derrota da reacção interna manipulada pela embaixada dos EUA. Esta votação histórica constitui uma bela vitória para todos os povos do mundo. Ela mostra a verdadeira saída para a crise que hoje devasta o apodrecido modo de produção e de distribuição capitalista. (in resistir.info)
PS: Importas-te que republique este post no Blog "Tirem as Mãos da Venezuela". O teu desabafo merece ser republicado.
Grande post! Mesmo com a falta de pachorra...
Abraço
Mas, então, este blogue transformou-se, por acaso, em sarjeta?
Por que é que esse tal Mattos, não vai fazer cócó no mato?
Rui Silva
VIVA CHAVEZ! VIVA O POVO DA VENEZUELA!...
Armando disse:
Vai para aì muita azia com alguns
governates da América Latina.
Fazem-lhe falta os ditadores.Que se
vão contentando com Socrates,com a facilidade com que tira diplomas
não vai tardar muito que não tenha
mais um:o de ditador
França
Grande post! Viva o povo venuzuelano!
caro enjoado: os cães ladram, a caravana passa!
Lili: e é que para «eles» é mesmo um crime, e grave, gravíssimo...
um beijo.
Maria: fígado sofre, podes ter a certeza...
Um beijo grande.
J.Z. Mattos: o seu problema é que, como só lê os pasquins nacionais, não sabe nada do que se passa em qualquer parte do mundo - e receio que já não tenha cura...
Em todo o caso, apareça sempre.
Ana Camarra: e escrevem estas coisas sem corarem de vergonha...
Um beijo.
salvo conduto: e o botas é que sabia como era...
Um abraço.
Filipe: só com muita, muita luta - e bem direccionada...
Um abraço.
Antuã: é a fruta do tempo...
Um abraço.
J.Z.Mattos: está enganado, nós não temos «heróis»...
Luis Rocha: claro que não me importo.
Um abraço.
samuel: um abraço.
Rui Silva: não há problema, camarada...
Um abraço.
julio: Viva o povo da Venezuela!
Um abraço.
Armando: e olha que não lhes faltam razões para estarem com azia...
Um abraço.
Antonio Lains Galamba: viva o povo venezuelano!
Abração.
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