SOBRE A PAZ
Às vezes a paz
não passa de medo,
medo de ti, de mim,
medo de nós, que não queremos a noite.
Às vezes a paz
não passa de medo.
Às vezes a paz
tem gosto de morte.
Dos mortos para sempre,
dos que são só silêncio.
Às vezes a paz
tem gosto de morte.
Às vezes a paz
é como um deserto
sem vozes nem árvores
como um vazio imenso onde os homens morrem.
Às vezes a paz
é como um deserto.
Às vezes a paz
fecha as bocas
e ata as mãos
só nos deixa as pernas para fugir.
Às vezes a paz.
Às vezes a paz
não é mais do que
uma palavra vazia
para não dizer nada.
Às vezes a paz.
Às vezes a paz
faz muito mais mal,
às vezes a paz
faz muito mais mal.
Às vezes a paz.
Raimon
11 comentários:
Infelizmente, a paz é uma "coisa" com tendência para "apodrecer". Nessas alturas não há nada a fazer. Tem mesmo que ser deitada fora e substituida por OUTRA paz. O processo nem sempre é pacífico...
Abraço
O poema é muito bonito, mas a minha paz, a que eu desejo, é feita de luta...
Um beijo grande
Excelente!
Homens pacificados de verdade são homens inteiramente iguais, em direitos e oportunidades de desenvolvimento integral dos seus imensos potenciais humanos. Só esta paz é a justa.
Até lá, necessitamos de muito combate, muita luta, muita guerra justa. Viva a nossa "guerra", pela paz!
Um abraço.
Também eu já estou farta desta paz.
Afinal agente nem paz de espírito tem, andamos sempre cheios de nervos com as contas para pagar, com as notícias de desemprego, com notícias de corrupção sem culpados
Uma vida cheia de guerras de nervos é o que nós temos.
Viva a luta !
Um abraço
O Merceeiro Honesto
Desculpem a insistência, mas considerem que a intenção é boa. Uma sugestão,audiovisual, em www.youtube.com/watch?v=3Nr3_AsQrh4ou só a letra, em letras.terra.com.br/chico-buarque/86054/
Abraço renovado.
Esta não é a PAZ porque lutamos, não queremos esta paz agrilhoada.
Continuas a oferecer-nos versos, todos diferentes, todos tão belos.
bjs,
GR
Às vezes a Paz, a Paz...
Abraço
Talvez o nome não seja Paz mas sim adormecimento, indiferença.
Coisas distintas.
Beijos
samuel: e a pôdre é a pior de todas as pazes...
Um abraço.
Maria: e a minha também...
Um beijo grande.
Justine: um beijo amigo.
filipe: viva a nossa guerra pela paz: bonito!
Um abraço.
Merceeiro Honesto: esta paz/guerra em que eles nos obrigam a viver...
Um abraço.
filipe: lá irei,
Um abraço.
Gr: a nossa paz é a da liberdade, da justiça...
Um beijo.
Ludo Rex: às vezes...
Um abraço.
Ana Camarra: é a mesma coisa...
Um beijo.
Camarada,
o poema é tão bom que vou aproveitá-lo para pôr no meu blog, com a devida referência a este blog, também ele, muito bom.
Continua o bom trabalho.
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