POEMA

NOS RAMOS DOS SALGUEIROS


E como poderíamos nós cantar
com o pé estrangeiro sobre o peito,
abandonados os mortos pelas praças
na dura erva gelada,
o balido impotente das crianças,
o uivo negro da mãe que tropeçava contra o filho
crucificado no poste telegráfico?

Nos ramos dos salgueiros, como um voto,
também as nossas cítaras pendiam
levemente oscilando ao triste vento.


Salvatore Quasimodo

6 comentários:

Ana Camarra disse...

Bonito, triste e forte.

beijos

Maria disse...

Não tenho palavras.

Um beijo...

Anónimo disse...

Bonito e forte...
Esperamos por ti...

Anónimo disse...

E como poderíamos nós cantar?
Se naquela madrugada...
a voz da rádio se calasse?

Um beijo, amigo
Ausenda

samuel disse...

Com a voz embargada e as cordas doridas...

GR disse...

Tão triste é este poema!
Hoje mais do que nunca, dói ler este belo poema.

GR