à porta do meu Partido existem dois bancos onde os camaradas mais velhos marcam encontro com a cal já arrefecida da braseira da planície. à porta do meu Partido as andorinhas já partiram mas agora oiço riso dos meninos vindo de dentro, na companhia à família da cor do tijolo com que já se ergueram estas paredes, então ainda precárias. à porta do meu Partido sibilam-se palavras e ladainhas como que adivinhando a antiguidade do Sonho que ali habita. nelas a comoção profunda de quem passa e se sente retratado. à porta do meu Partido existem mineiros, os de hoje e os reformados, que nunca deixam de se-lo, se bem que por vezes noutras lides - à porta do meu Partido também se fala da reforma miserável!também existem aqueles que o foram até ao rebentamento, a ceguez, ao estropiamento. à porta do meu Partido fala-se da necessidade de hospitais e de escolas para "os filhos dos homens que nunca foram meninos". à porta do meu Partido os olhos rasam-se em lágrimas apontando no horizonte o Jardim infantil, ao fundo da rua, conquistado pelos assalariados ao latifundio da fome, na Reforma Agrária. à porta do meu Partido o azul lambe as entranhas da cal e refresca a justiça dos homens. à porta do meu partido não há uma boganvilia e devia haver, para combinar com as camisolas coloridas onde os Homens e Mulheres do meu Partido espelham o sonho. à porta do meu Partido juntam-se camaradas de óculos grossos e pele áspera. à porta do meu Partido os cães dormem sossegados certos da festa e longe de serem escorraçados. à porta do meu Partido vejo abraços e mãos solidárias. à porta do meu Partido habita a ternura em todos os olhos, mesmo nos mais espancados. à porta do meu Partido amontoam-se gerações inteiras em abraços. quem está à porta do meu Partido trata-me por igual. quem está à porta do meu Partido está apenas a ver quem passa... para lhe gritar: junta-te a nós companheiro! eu hoje também por aqui fico, gozando entre todos a minha tarde... falamos da luta. e do amor. à porta do meu Partido. quantos seres têm tanto com que se orgulhar? à porta do meu Partido...
fotografia: à porta do meu Partido, Aljustrel
fotografia: à porta do meu Partido, Aljustrel
12 comentários:
É bom ter Camaradas como tu, à porta do NOSSO PARTIDO!
A luta continua...sempre!
Que bom, que bonito.
Tenho muito orgulho do nosso Partido!
Um abraço Camarada
Antonio,
..e hão de ser, todas as portas, as portas do meu partido!
A revolução é hoje!
À porta do NOSSO PARTIDO, existem pessoas com um coração do tamanho do teu,pq duvido q hajam maiores! Maria João
Á porta do nosso Partido, está o Mundo á nossa espera!
Parabens pela tua prosa, camarada!
Abraço grande
Bela porta tem o "teu" partido, amigo!...
Que post mais bonito...
Que bonito é o retrato que fazes das pessoas que estão à porta do nosso Partido...
Fiquei arrepiada com a força do texto.
Obrigada!
alice: e como tu, e como tu. um beijo e um abraço. até já.
ana camarra: muito, muito orgulho temos todos!
um beijo
maria joão: não conheço coração maior que o teu. um beijo.
poesianopopular: à espera de todos. por um mundo melhor.
abraço
samuel: bela porta tem o NOSSO partido, amigo.
abraço tamanho do mundo
aaria: desta essência nos cosemos comunistas.
um beijo
cnr: todas. todas elas. a Revolução é hoje! um abraço
Belo môço este tonico, e teim um partido que me parece munto gêtoso, mas tameim escreve beim o mecinho.
xpectáculo, de escrita. Para quando a publicação das memórias destas vivências, é tameim quer ir à sessão de autógrafos.
xica: a publicação vai sendo por aqui... com todo o sentido. ainda assim, caso algum dia calhe, talvez apareça por aí um volume com estas e outras. estarás para apresentação, porque quero lá todos os meus amigos... e os amigos dos meus amigos... beijo tamanho do mundo. e um abraço muito forte cheio de toda a força. tu sabes porquê. sou solidário com a tua amargura.
Lindão, desta vez tocaste fundo.
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