POEMA

ATÉ AMANHÃ


agachados na cova da noite
pequeninos e enormes
esperávamos o homem da bicicleta

embrulhados em papel de jornal
ele transportava uma foicinha
e um martelo

mal chegado
um minuto de silêncio conspirativo
e logo o trabalho

sobre o chão húmido e rugoso
ensinava a construir
e a semear
na inteligência dos homens
no coração dos homens
na coragem dos homens

quando partia
e montava a tosca e fiel bicicleta
sabia
que na próxima vez
vinha encontrar a terra semeada de esperanças
e mais uma telha
e mais uma trave
na casa da construção

foi ontem
e amanhã se for preciso


Francisco Gonçalves de Oliveira

6 comentários:

trepadeira disse...

Vamos lá pôr mais uma pedrinha.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Graciete Rietsch disse...

"Até amanhã, camaradas". Ao ler o poema estava a ver o filme.
E assim com coragem e determinação, dando muitas vezes a própria vida,se vai construindo o MUNDO NOVO.

Um beijo.

samuel disse...

Mesmo no meio de tanto ruído... ainda se vão ouvindo os barulhos discretos das bicicletas, cruzando as nossas vidas...

Abraço.

Olinda disse...

Lindissimo este poema.Nao conhecia,nem tampouco o autor e olha que eu leio muita poesia.

Maria disse...

Será sempre que for preciso.
Até amanhã, Camarada...

Um beijo grande.