POEMA

RITMO PARA A JÓIA DAQUELA ROÇA


Dona Jóia dona
dona de lindo nome;
tem um piano alemão
desafinando de calor.

Dona Jóia dona
do nome de Sum Roberto;
está chorando nos seus olhos
de outras terras saudades.

Dona Jóia dona
dona de tudo o que é lindo:
do oiro cacaueiro
do café de frutos vermelhos
das brisas da nossa ilha.

Dona Jóia dona
dona de tudo o que é triste:
meninos de barriga oca
chupando em peitos chatos;
negros de pèsão grande
trabalhando pelos matos.

Ai! Dona Jóia dona,
dona de mim também -
Jesus, Maria, José
Credo! -
não me olhe assim-sim
que me pára o coração!


Francisco José Tenreiro

(«Coração em África»)

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Outra maravilha. Não consigo dizer mais nada.

Um grande abraço.

Maria disse...

Subscrevo a Graciete...

Outro beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Graciete e Maria: e eu subscrevo-vos...
Dois beijos grandes.

Nelson Ricardo disse...

Muito belo o poema.

Um Abraço.

Fernando Samuel disse...

Nelson Ricardo: também acho.
Um abraço.