VISÕES DA VISÃO & Cia.

São muitas e muito diversificadas as expressões assumidas pelo anticomunismo por esse mundo fora, ao longo dos tempos.
Nuns casos, ele manifesta-se pela força bruta - através de perseguições, prisões, torturas, assassinatos; noutros caos, pela força democrática - através de uma ofensiva permanente e intensa, feita em nome da democracia e da liberdade, e baseada na mentira, na calúnia, na deturpação, manipulação e viciação de factos e de dados.
Dispondo de armas poderosas - onde avulta a comunicação social propriedade do grande capital - o anticomunismo influencia segmentos vastíssimos da sociedade, divulgando as mentiras tantas vezes quantas as necessárias para que sejam aceites como verdades, semeando preconceitos, enfim, criando obstáculos poderosos à luta e ao avanço dos comunistas e do seu projecto transformador.

No caso de Portugal, pode dizer-se que, de uma forma geral, o anticomunismo assumiu todas as suas expressões e facetas.
O que é natural, na medida em que o nosso País viveu 48 anos sob uma ditadura fascista; dois anos num processo revolucionário inovador, criativo e impetuoso; e 32 anos (até ver) sob uma ditadura do grande capital (ou democracia burguesa) - e nesses três períodos o PCP ocupou sempre, sempre, aprimeira fila da luta.

O anticomunismo é sempre estúpido. Mas é sempre perigoso - mesmo quando se exibe pela via da imbecilidade, do primarismo, da incultura, da insolência alvar.
Um exemplo: a revista Visão tem uma rubrica intitulada «mais&menos», onde semanalmente regista, em duas colunas, o «positivo» e o «negativo» em relação a pessoas, casos, situações.
Esta semana, Jerónimo de Sousa é um dos visados. Na coluna do «menos», obviamente...

Porquê?: porque, segundo a visão da Visão, a actual «crise não é apenas a crise do capitalismo, que o diga Jerónimo de Sousa: o PCP parece estar com falta de liquidez e já faz uma espécie de peditório».

Este naco de prosa - donde emerge, inequívoco, um insanável conflito entre o autor e a Língua Portuguesa - seria apenas ridículo, se não fosse perigoso.
Na realidade, a patetice vertida é uma repetição (mais uma) de igual patetice vertida noutros média nos últimos dias.
Ridícula mas perigosa. Porque de tanto repetida se vai instalando como verdade absoluta.

13 comentários:

Anónimo disse...

Malvada e perigosa... Todos sabemos que já toda a canaha pode escrever em certas revistas.
Abraço

Crixus disse...

As manobras sao mais que muitas e o odio antigo. Preocupam me sinceramente este tipo de coisas repetidas pela comunicação do capital e outro tipo de atitudes mais pidescas e salazaristas que vejo florescerem, até aqui na margem sul, sem causarem a idignação geral de todos os democratas. Hoje e sempre, Viva o Ideal Comunista, Viva o PCP

Anónimo disse...

Bocas da reacção!

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Partindo da frase "o anticomunismo é sempre estúpido" da qual discordo, vou "deslizar" por, uma talvez, pretensa filosofia com o seu quê de existencialista.
Ser anticomunista não é sinónimo de ser estúpido, é antes sinónimo de ser inconsciente.Os homens que vivem de um modo inconsciente não têm existência.
Segundo Sartre somos livres, sentimo-nos livres, temos sempre a possibilidade de escolhermos, só que, esta escolha é limitada, porque o homem encontra-se sempre dentro de um enquadramento e só pode escolher dentro dele.
Se não quisermos escolher entre o comunismo e o anticomunismo,temos a neutralidade.
Há sempre dois modos de conceber a realidade. Qualquer escolha pode ser possível, mas para se escolher temos que ter a liberdade para o fazer. Essa liberdade tem que ser encarada como limitada, finita, porque o homem não é livre de ser livre de não escolher.

Após uma leitura rápida, a hora vai avançada, sobre o que escrevi, conclui que o ter estado afastada da (in)civilização me deve ter feito mal.
Entretanto vou desejando ter tempo para continuar a "espreitar", com alguma assiduidade, este cantinho. Um abraço.

Maria disse...

E é esse o problema. É que se torne "verdade" uma mentira tantas vezes dita...
Dantes comprava a Visão. Às vezes ainda me tento. Cada vez menos. Porque, para "aquele peditório", já dei...

Um beijo grande
(ser anticomunista é ser, no mínimo, inculto e ignorante)

dona tela disse...

Tenho um prémio para lhe oferecer.

Muito bons dias.

Anónimo disse...

Seria lírico pensar que os órgãos de comunicação social controlados pelo Capital e seus lacaios agiriam de forma diferente.

Ana Camarra disse...

O anti-comunismo primário é uma coisa medonha.
Infelizmente muito viva ainda, por vezes até me assusto.
Onde sou candidata, recebi esta perola "Ana, gosto muito si, penso que faria sempre um bom trabalho, é pena é ser comunista, se não o meu voto era seu..."

beijos

Fernando Samuel disse...

ludo rex: toda a canalha: exactamente...
Um abraço.

crixus: ou seja: temos que estar cada vez mais atentos.
Um abraço.

crn: as habituais bocas da reacção...
Um abraço.

maria teresa: a meu ver, a escolha não é entre comunismo e anticomunismo(e não há neutralidade...): a escolha essencial é entre capitalismo e socialismo/comunismo - e é no conteúdo de alguns caminhos que conduzem a essa escolha que se encontra a estupidez do anticomunismo.
«Este cantinho» tem sempre um lugar reservado para si.
Um abraço.

maria: no mínimo, no mínimo...
Um beijo grande.

dona tela: já vou ver que prémio será esse...
Um beijo.

antuã: eles existem para isso - não podemos é deixar de os denunciar...
Abraço.

ana camarra: claro, claro, «é pena é ser comunista...»
Beijos.

Anónimo disse...

"Divagar" sobre assuntos tão sérios num espaço tão restrito, conduz a repetir-se o que já foi dito ou a conclusões erradas.
Como calcula eu não penso, nem posso pensar,apenas, em comunismo ou anticomunismo, o mundo não gira à volta desta dicotomia, destes dois pólos totalmente antagónicos.
Também conheço outras doutrinas políticas sem ser o comunismo/socialismo e o capitalismo. Existe e com subdivisões doutrinas: liberais, republicanas,radicais, nacionalistas, tradicionalistas, totalitárias, fascistas,....
Como sinonímica de estupidez temos:
falta de inteligência, de juízo, de discernimento, de indelicadeza, de grosseria, de brutalidade, de boçalidade,....Não me parece que a maioria dos anticomunistas tenham estes "predicados", serão isso sim discriminadores, preconceituosos, intolerantes,obstinados, ...insensa-tos (como lhes chamei).
Quando se tem dum lado um objecto preto e do outro um branco e não um 3ªpara escolha e não se quer nenhum deles, ficamos sem nenhum (neutralidade).
O falar nos extremos comunismo e anticomunismo foi um exercício de reflexão.
Interrogo-me: Será que desta vez consegui transmitir o essencial do meu pensamento?

Agradeço o convite para permanecer neste cantinho o que, devo confessá-lo, farei com muito agrado.
Um abraço e um sorriso

Fernando Samuel disse...

maria teresa: vamos por partes: o mundo gira, de facto, à volta da dicotomia capitalismo/socialismo-comunismo;
as outras doutrinas políticas que refere são expressões do capitalismo (o fascismo não é um sistema, é um regime:sistema capitalista/regime fascista...);
o anticomunismo é isso tudo ( e mais do que isso...) que refere;
a neutralidade não existe: quem não opta entre capitalismo e socialismo... opta, de facto, por um desses sistemas - e há momentos em que a situação se coloca como a definiu, numa frase, a Elsa Triolet:«a barricada só tem dois lados: o nosso e o deles»;
transmitiu o seu pensamento: só que, divergimos em alguns aspectos essenciais. O que não é nenhum drama - nem para si, nem para mim - e muito menos para o mundo...

O cantinho está sempre à sua espera: é seu.
Com toda a sinceridade, simpatia e prazer - e sempre, sempre com abraços e sorrisos.

Anónimo disse...

Não conhecia essa citação de Elsa Triolet mas conheço esta: " O silêncio é como o vento: atiça os mal-entendidos e só extingue os pequenos".
Em sequência direi: a barricada tem três lados, a própria barricada e os outros dois citados.
Continuamos a divergir e isso é, na minha opinião, muitíssimo bom. É sinal que estamos vivos e não acomodados.
Aprecio a sinceridade acima de muitas coisas, se não de todas. Abraços e muitos sorrisos.

Fernando Samuel disse...

A divergência é o motor dos avanços, em tudo - quando é aceite como um direito comum, como é este o caso.

Abraços, sorrisos e simpatia.