PRISÃO
Canta dentro de mim a confiança
da grande multidão silenciosa
que me rodeia.
Move-se uma epopeia
na rasa solidão do meu destino.
Como um búzio anodino
que na praia ressoa
a pancada da onda que magoa
as penedias,
assim eu tenho melodias
emparedadas no coração.
Pudesse a concha, como um fruto cheio
de fecundas doçuras desejadas,
abrir-se no areal de meio a meio
e libertar as notas abafadas!
Miguel Torga
4 comentários:
Peronto este já conhecia!
Adoro Miguel Torga e adoro o mar, portanto é quase perfeito.
"Pudesse a concha, como um fruto cheio
de fecundas doçuras desejadas,
abrir-se no areal de meio a meio
e libertar as notas abafadas!"
É de génio.
Obrigado
Um grande beijo
Era pronto, claro....
Há-de abrir, Torga, há-de abrir!...
ana camarra: é Torga...
Um beijo.
samuel: inevitavelmente...
um abraço.
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