RONDA DOS RÉPTEIS
Rastejam nas leitarias, rastejam entre os trapos
das lojas de fanqueiro, e nos cinemas, e nas conferências,
e nas faculdades, nas fábricas, nos comboios, no futebol, nas touradas,
rastejam, rastejam em toda a parte viscosos como sapos,
a abrem as bocas verdes com dentes verdes de excremências,
e cospem palavras torpes contra as janelas fechadas.
Rastejam nos cafés, nas livrarias e nos portos,
rastejam e envenenam as noites,
rastejam e empeçonham os dias,
raivosos babam-se quando falamos, quando lemos,
e olham os vivos de olhos vidrados como mortos,
e rastejam nos hotéis, nas pensões, nas padarias
e mãos de lama tocam o pão que nós comemos.
E as bocas verdes e imundas bafejam, bafejam,
e as rosas fenecem, as rosas são mortas,
e os dedos de lama acusam no escuro,
e eles rastejam, rastejam, rastejam,
colados à sombra, colados às portas,
como cartazes de infâmia colados ao muro.
Sidónio Muralha
7 comentários:
Rastejam e bafejam por tudo e todo lado... Dêmos-lhe a solução que merecem, Actuando Já!
Abraço e bom fim de semana
Pois eles andam aí andam.
Assim mesmo viscosos, rastejantes e emitir veneno.
Uma praga que urge exterminar!
beijos
E a gente vê-os rastejar. E enoja-se!
Com a cabeça cortada, mexem-se durante mais um bocado... mas acabam por parar. :)
Abraço
As palavras da experiênciavivida pelo Sidónio Muralha, e por muitos de nós.
Abraço grande
Detesto répteis e rastejantes...
Como eu gostaria que cada um que me aparece à frente deixasse de respirar...
Um beijo grande
ludo rex: são répeteis e basta...
Um abraço.
ana camarra: andam por aí e têm campo para andar...
Um beijo.
justine: são um nojo...
Um beijo.
samuel: e mesmo parados ainda são nojentos...
Um abraço.
poesianopopular: a nossa experiência, dizes bem...
Um abraço.
maria: são nojentos...
Um beijo grande.
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