José Rodrigues dos Santos (JRS) é jornalista, professor de Ciências da Comunicação e romancista - pelo menos.
Como jornalista celebrizou-se aqundo da épica «maratona televisiva», no decorrer da qual, a partir dos estúdios da RTP, foi falando, falando, falando... sobre o bombardeamento de Bagdad, executado pela aviação dos EUA, na primeira Guerra do Golfo, em Janeiro de 1991.
Era a tal «guerra em directo» dada pelas televisões de todo o mundo, não sei se se lembram... Guerra estranha, essa, e estranho «directo, esse: 10 horas de bombardeamentos ininterruptos e, mortos, nem um - porque, como JRS não se cansou de nos dizer, era uma «guerra cirúrgica», que não atingia pessoas...
Como professor de Comunicação, não conheço as prendas de JRS, mas não hão-de andar longe do seu mérito enquanto jornalista várias vezes premiado - mas guardo na memória este momento: num telejornal, após a passagem de uma pequeníssima peça em que o secretário-geral do PCP informava sobre o número de adesões ao Partido no último ano, JRS, com aquele sorriso e aquela piscadela de olho habitual, comentou: «o secretário-geral do PCP não disse quantos militantes saíram do PCP nesse período...» - comentário digno de um grande jornalista, logo de um grande professor de Comunicação...
Como romancista, JRS é um caso sério: o seu primeiro romance (A Ilha das Trevas) foi publicado em 2002; e A Vida num Sopro, o seu sexto e último (até ver...) acaba de sair.
Todos êxitos de livraria. E todos, mais o seu autor, com torrencial presença nas muitas revistas do jet-set e da socialite...
6-romances-6, em 6 anos: é obra! - a confirmar que escrever romances é fácil e rápido: é preciso é apanhar-lhe o jeito e JRS, sem dúvida, apanhou-lhe o jeito.
Ele próprio o diz: «Sinto-me à vontade em qualquer género, o que importa é que eu e o leitor tenhamos prazer».
Daí que as cenas de sexo - nas suas múltiplas vertentes... - abundem na obra do prolífero romancista.
No romance Codex 632, diz uma das personagens: «Quando um dia for casada e tiver um filho, vou fazer uma sopa de peixe com o leite das minhas mamas» - declaração de intenções que expressa luminarmente a fogosa imaginação criadora do autor e que, certamente, está na origem da decisão já tomada de o romance ir passar a filme nos EUA.
E estou em crer que igual destino terá o mais recente trabalho do consagrado romancista, no qual - leio num jornal de hoje - «testemunhamos uma cena amorosa num curral em que "os gemidos de Amélia misturavam-se com os grunhidos dos porcos"».
Em entrevista ao DN de hoje, o grande escritor chileno Luís Sepúlveda (O Velho que Lia Romances de Amor...), diz a dada altura:
«Há escritores que não estão interessados na literatura, escrevem apenas para entrar nesse jet-set e aparecer nas revistas».
Coincidências...
Como jornalista celebrizou-se aqundo da épica «maratona televisiva», no decorrer da qual, a partir dos estúdios da RTP, foi falando, falando, falando... sobre o bombardeamento de Bagdad, executado pela aviação dos EUA, na primeira Guerra do Golfo, em Janeiro de 1991.
Era a tal «guerra em directo» dada pelas televisões de todo o mundo, não sei se se lembram... Guerra estranha, essa, e estranho «directo, esse: 10 horas de bombardeamentos ininterruptos e, mortos, nem um - porque, como JRS não se cansou de nos dizer, era uma «guerra cirúrgica», que não atingia pessoas...
Como professor de Comunicação, não conheço as prendas de JRS, mas não hão-de andar longe do seu mérito enquanto jornalista várias vezes premiado - mas guardo na memória este momento: num telejornal, após a passagem de uma pequeníssima peça em que o secretário-geral do PCP informava sobre o número de adesões ao Partido no último ano, JRS, com aquele sorriso e aquela piscadela de olho habitual, comentou: «o secretário-geral do PCP não disse quantos militantes saíram do PCP nesse período...» - comentário digno de um grande jornalista, logo de um grande professor de Comunicação...
Como romancista, JRS é um caso sério: o seu primeiro romance (A Ilha das Trevas) foi publicado em 2002; e A Vida num Sopro, o seu sexto e último (até ver...) acaba de sair.
Todos êxitos de livraria. E todos, mais o seu autor, com torrencial presença nas muitas revistas do jet-set e da socialite...
6-romances-6, em 6 anos: é obra! - a confirmar que escrever romances é fácil e rápido: é preciso é apanhar-lhe o jeito e JRS, sem dúvida, apanhou-lhe o jeito.
Ele próprio o diz: «Sinto-me à vontade em qualquer género, o que importa é que eu e o leitor tenhamos prazer».
Daí que as cenas de sexo - nas suas múltiplas vertentes... - abundem na obra do prolífero romancista.
No romance Codex 632, diz uma das personagens: «Quando um dia for casada e tiver um filho, vou fazer uma sopa de peixe com o leite das minhas mamas» - declaração de intenções que expressa luminarmente a fogosa imaginação criadora do autor e que, certamente, está na origem da decisão já tomada de o romance ir passar a filme nos EUA.
E estou em crer que igual destino terá o mais recente trabalho do consagrado romancista, no qual - leio num jornal de hoje - «testemunhamos uma cena amorosa num curral em que "os gemidos de Amélia misturavam-se com os grunhidos dos porcos"».
Em entrevista ao DN de hoje, o grande escritor chileno Luís Sepúlveda (O Velho que Lia Romances de Amor...), diz a dada altura:
«Há escritores que não estão interessados na literatura, escrevem apenas para entrar nesse jet-set e aparecer nas revistas».
Coincidências...
10 comentários:
Ah pois! Coincidências...
Abraço
Certeiríssimo este post.
Do Luís Sepúlveda tenho todos os livros, já lidos.
Do JRS nem umzinho, nem tenciono. Cá por coisas antigas. Não do piscar de olho do tipo...
Um beijo grande
(tens hoje de tarde o Sepúlveda aí ao pé de ti, no O.Parque)
E poderia eu continuar... "Há escritores em que não estou de todo interessado!"
Quem me dera ter "meios" e tempo de vida para ler os interessantes!...
Ainda por cima, já tenho uma receita de sopa de peixe, de que gosto muito. Talvez menos soft-porno, mas bastante saborosa. :)))
Abraço
Vende-se seja o que for desde que passe na TV, a qualidade do produto mesmo tóxico não é fiscalizada pela ASAI e dá milhões.
O Velho que lia romances de amor teve em mim o estranho efeito de passar uma tarde atracada ao livro, sem comer, beber, fazer um xixi que fosse, até chegar ao fim completamente fascinada e sem folego....
Os livros de José Rodrigues dos Santos até se deixam ler, são assim arrumadinhos, como ele, previsiveis, como ele, mas não tem a qualidade de qualquer pagina de Sepulveda, não conseguem, nem a sombra....
beijos
É muito bom ler Luis Sepúlveda!
abraço
Seria bom que esse José rodrigues dos Santos fosse aprender português para a Escola da Tia Marquinhas.
ludo rex: como dizia o outro: há coincidências que coincidem...
Um abraço.
maria: de facto, o piscar de olho é o menos...
Um beijo grande.
samuel: realmente, com tanta coisa boa que não temos tempo para ler...
um abraço.
cs: os jornais de hoje dizem que antes do lançamento deste livro j+a estavam vendidos 8o mil exemplares...
Um abraço.
ana camarra: são escritores e obras diferentes, quase se pode dizer nos antípodas um do outro...
Um beijo.
poesianopopular: sem dúvida.
Um abraço.
antuã: é capaz de não ser má ideia...
Um abraço.
falar de Sepúlveda no mesmo post que José Rodrigues dos Santos seria, na maior parte dos casos, algo extremamente desadequado. É como alguém estar a falar de poesia e eu pôr a Ana Malhoa a tocar tão alto que nada mais se ouça. Neste caso, justifica-se pela coincidência.
Eu nunca li JRS, nem tenciono. No entanto não se poderá dizer que falo do que desconheço, pois tive a infeliz oportunidade de conhecer esse senhor-com-um-ego-maior-do-que-o-universo-que-o-torna-ainda-mais-ridículo e de verificar in situ de quão aberrante se trata tal figura dos nossos dias.
escusado será dizer que tal oportunidade me desmotivou por completo a qualquer coisa diferente do que seja o vómito quando penso no referido "pivot" de tv. E que até nisso é ridículo o coitado.
Este JRS é, e sempre foi, um perfeito idiota, ridículo até não poder mais. E isso é óbvio para todos (mesmo quem, não conseguindo melhor e sem a fina ironia ou a capacidade de análise do Fernando Samuel, ataca as orelhas do bicho, mas querendo significar muito mais que as orelhas). É tão óbvio que a necessidade de promover tão escrupuloso papagaio do capital é permanente.
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