POEMA

VIAGEM ÀS TRINCHEIRAS

I
Os milicianos do meu povo mortos pelo invasor
eram sapateiros,
pedreiros,
músicos e cortadores de cana. Suas mães
eram as minhas mães.
O ódio
os assassinou.
Sofro,
olho para o horizonte onde os bárbaros
com canhões e aviões e bombas
se aprontam.

Que morra
um milhão de camponeses cubanos
não lhes importa. São,
como os japoneses de Hiroshima,
inferiores.
Agora comem, cantam,
esperam.

Os generais não escutam as águas.
Nunca assobiam aos simples pardais.

II
Sejas quem fores,
estejas onde estiveres,
não traias
este nobre jovem na praia
esperando o invasor.
Ele é nobre, é puro.
Não te sujes, não emporques
a água de todos. Não intrigues,
não corrompas, deixa a tua miserável
ambição, que sempre surge
onde o homem está,
e olha para ele:
é nobre, é puro.
Pronto a oferecer a sua vida jovem
por ti, por mim, por
todos. Sê recto e generoso. Sê para ele
como ele é para todos: fiel.

Samuel Feijóo
(In Poesia Cubana da Revolução)

4 comentários:

Justine disse...

Um hino de reconhecimento aos verdadeiros impulsionadores da história. Muito belo!

Fernando Samuel disse...

justine: .... que são sempre anónimos...

Anónimo disse...

A força está sempre na arraia miúda.

Fernando Samuel disse...

antuã: lá dizia o Fernão Lopes...