POEMA

NA MINHA COURELA...


Na minha courela, enquanto a lavro,
é sempre manhã, mesmo se já noite.
O meu ofício farto
é o de cultivar sonhos.
Deito trigo à terra e nasce-me luz.
Deito luz à terra e nasce-me trigo.
Nem há mais exacta semente que esta,
que dá a colheita ao sabor da fome.


Armindo Rodrigues

3 comentários:

samuel disse...

Deve ser porque é "A Semente"...

Abraço.

Maria disse...

Parece simples, mas não é. São palavras prenhes de futuro, estas.

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

O poeta sentia e sabia que o amanhã nasceria das sementes que ia lançando à terra.
Belo poema, Grande Armindo Rodrigues. Um beijo.