«A TERRA A QUEM A TRABALHA!»

9 de Fevereiro de 1975: em Évora, tinha lugar a I Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul, organizada pelo PCP, e em cujos trabalhos e comício de encerramento participaram mais de 30 mil trabalhadores.
Era o primeiro passo dessa caminhada exaltante que foi a construção da Reforma Agrária.

Para trás, ficavam décadas de luta do proletariado agrícola do Sul - luta corajosa e determinada contra o latifúndio opressor e explorador, contra o fascismo. Pela liberdade e pela democracia. Pela Reforma Agrária.

No comício de encerramento da Conferência, Álvaro Cunhal disse:

«Vivemos um momento histórico nos campos do Sul. Pelas mãos dos trabalhadores, a Reforma Agrária deu os primeiros passos. Do Alentejo das terras incultas, das charnecas, dos pousios, do gado raro e miserável, dos baixos rendimentos das culturas; do Alentejo do desemprego, da fome e da miséria, os trabalhadores, com o apoio do Estado democrático, farão um Alentejo com uma agricultura que dará em abundância os produtos de que os trabalhadores e o País necessitam.
A Reforma Agrária surge natural como a própria vida, aparece como resultado da necessidade objectiva de resolver o problema do emprego e da produção, como solução indispensável e única».
E, mais adiante, acrescentava:

«Os latifúndios têm sido e são a miséria, o atraso e a morte.
A entrega da terra a quem a trabalha significa a própria vida, a vida para os trabalhadores desempregados e seus filhos, vida para a agricultura abandonada, sabotada pelos grandes agrários e pelos grandes capitalistas»
.

E assim foi.
Menos de um ano após a Conferência de 9 de Fevereiro, a Reforma Agrária era uma realidade - uma realidade que, para além dos enormes êxitos alcançados em matéria de produção agrícola e pecuária, resolveu o problema do desemprego, da miséria e da fome; realizou uma impressionante obra social e cultural; transformou as relações de produção em relações de cooperação e solidariedade, com a abolição da exploração do homem pelo homem - e por tudo isso, e muito mais, foi, nas certeiras palavras de Álvaro Cunhal,
«a mais bela conquista da Revolução».

Da mesma forma que a construção da Reforma Agrária constituiu o momento mais luminoso desse tempo luminoso que foi a Revolução de Abril, também a sua destruição constituiu o momento mais sombrio deste tempo sombrio que tem sido o tempo da contra-revolução.
Com efeito, a ofensiva contra a Reforma Agrária - iniciada pelo primeiro governo PS/Mário Soares e prosseguida por todos os governos que se lhe seguiram integrando os restantes partidos da política de direita (PPD/PSD e CDS/PP) - foi, em muitos aspectos, um regresso ao passado.
Foi o regresso aos campos do Alentejo e Ribatejo das perseguições, das prisões, dos interrogatórios pidescos, das torturas, dos julgamentos sumários, dos assassinatos.
Foi o regresso do latifúndio - antes sustentáculo do fascismo, agora sustentáculo da contra-revolução.

A Reforma Agrária confirmou ser uma componente indispensável da democracia e do desenvolvimento de Portugal.
Por isso ela é indispensável no futuro democrático de Portugal - nesse futuro pelo qual lutamos todos os dias, combatendo a política de direita ao serviço dos interesses do gande capital, e tendo como objectivo conquistar uma política de esquerda ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.

Por isso, «A TERRA A QUEM A TRABALHA!» é uma palavra de ordem cheia de actualidade - e cheia de futuro.

11 comentários:

  1. Para que ninguém esqueça esta data tão marcante...
    Estão connosco todos que sonhamos um mundo melhor...
    Um abração para ti e para os que a nos acompanham neste dia...

    Viva a Reforma Agrária...

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  2. Nem os sonhos morrem nem a justiça envelhece.
    Cá estaremos para cumprir o futuro!

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  3. «A terra a quem a trabalha», muito mais que um slogan,é uma necessidade, para que possamos iniciar a nossa independência, politica e económica.
    Àvante pois, pela Reforma Agrária!
    Abraço

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  4. Reforma Agrária a mais bela conquista do Povo Alentejano,criminosamente destruída pelos "amantes" da democracia e da liberdade que até ao assassinato chegaram, tal como no tempo negro do fascismo.
    Deixo aqui a minha homenagem aos corajosos trabalhadores rurais assassinados em pleno Abril tornando-a extensiva aos dois operários também assassinados no Porto no 1º de Maio de 1982.
    25 de ABRIL SEMPRE.
    Beijos

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  5. Ó Alentejo esquecido ainda um dia hás-de cantar!

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  6. Dia 17 lá estarei, ou melhor, cá estarei!

    Abraço.

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  7. 'A terra a quem a trabalha' é uma necessidade. Premente.
    Éramos tantos em Évora. E vamos ser tantos em Montemor...

    Um beijo enorme, de olhar brilhante...

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  8. oh Alvaro Cunhal, "porque que no te callas"?
    tentaste lixar a vida a tanta gente.

    J.Z.Mattos

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  9. Como tudo tinha sido diferente se não tivessem destruído a Reforma Agrária.
    Este post está tão lindo!
    A Reforma Agrária tão distante dos nortenhos, Sempre próxima do coração.
    Reler o nosso querido camarada Álvaro Cunhal enche-me (nos) de vontade para continuarmos a luta!
    VIVA A REFORMA AGRÁRIA!

    Bjs,
    GR

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  10. O Alentejo será sempre um chão de mártires da Liberdade e da dignidade. A reforma agrária, porque estava a ser um êxito, foi barbaramente atacada pelos lacaios do Capital, isto é, CDS, PSD e PS.

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  11. Anónimo: abraço grande, João...

    Tiago R.: e cumpri-lo-emos.
    Um abraço.

    poesianopopular: VIVA A REFORMA AGRÁRIA!
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: António Maria Casquinha e José Geraldo (Caravela), em Montemor-o-Novo, em 27 de Setembro de 1979; Pedro Vieira e Mário Gonçalves, no Porto, no 1º de Maio de 1982...
    Um beijo.

    Antuã: cantará, cantaremos.
    Um abraço.

    samuel: e eu... aí estarei...
    Um abraço.

    Maria: «dada vez seremos mais»...
    Um beijo grande.

    GR: VIVA A REFORMA AGRÁRIA!
    Um beijo.

    Pintassilgo: a Reforma Agrária voltará!
    Um abraço.

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