POEMA

ORDEM DO DIA


Homens novos temperados pela guerra,
das fábricas enormes e cinzentas
- rasgai poema na terra
com as vossas ferramentas!

Homens das oficinas e dos cais,
dos campos e da faina sobre o mar
- porque não ensinais
os poetas a cantar?

Algemados - não importa por que leis -
seja qual for a vossa raça e a vossa casta,
vinde dizer o que sabeis!
- Por agora é quanto basta.

Vinde das minas, dos fornos, das caldeiras,
vergados da descarga do carvão!
Vinde! Porque chegou enfim o dia
de apressar a tarefa inconcluída!

- E a poesia, esta poesia,
é um facho que vai de mão em mão
pelos caminhos da vida.


Sidónio Muralha

(«Companheira dos Homens» - 1950)

7 comentários:

  1. Belo poema para o dia de hoje...

    Tiveste mesmo muito amor no que escolheste.

    Estás de parabéns. Um beijo...

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  2. "- porque não ensinais
    os poetas a cantar?"

    E foi o que fizeram... pelo menos se atentarmos no som de algumas canções que cantamos e cantaremos...

    Abraço.

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  3. Fortíssimo poema de Luta!
    Belíssimo incentivo para a continuarmos, sempre!

    Um beijo grande.

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  4. A Luta é diária, por vezes (quase) cansa.
    Poemas assim entusiasmam, animam…
    A Luta é o Caminho!

    Bjs,

    GR

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  5. Obrigada Cravo de Abril. Maravilhoso poema, grande poeta.
    Mas onde está essa gente que, apesar de tudo, continua a fazer poesia?
    Um beijo.

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  6. É um poema heróico - estou a ouvi-lo cantado!

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  7. Valquíria d'Alameda: um beijo grande.

    samuel: e de que maneira!...
    Um abraço.

    Maria: a poesia é uma arma...
    Um beijo grande.

    Graciete Rietsch: estão... a fazer poesia...
    Um beijo.

    Justine: se eu fosse músico e cantor...
    Um beijo.

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