POEMA

«NÃO ME PEÇAM RAZÕES...»


Não me peçam razões, que não as tenho,
ou darei quantas queiram: bem sabemos
que razões são palavras, todas nascem
da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
a força da maré que me enche o peito,
este estar mal no mundo e nesta lei:
não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
deste modo de amar e destruir:
quando a noite é de mais é que amanhece
a cor da primavera que há-de vir.


José Saramago

6 comentários:

  1. Parece que o estou a ouvir dizer isto... simplesmente, como numa entrevista...

    Abraço.

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  2. Vamos transformar as razões em actos, porque a noite aí está!!!!!

    Um beijo.

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  3. E sem pedir razões este poema é lindíssimo! E Saramago recorria a estas palavras com alguma frequência...

    Um beijo grande.

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  4. justine: pois parece...
    Um beijo.

    samuel: como se estivesse aqui, a falar connosco...
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: vamos construir a manhã...
    Um beijo.

    Maria: é muito ele a falar..
    Um beijo grande.

    svasconcelos: sem dúvida.
    Um beijo.

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