POEMA

«HÁ-DE HAVER...»


Há-de haver uma cor por descobrir,
um juntar de palavras escondido,
há-de haver uma chave para abrir
a porta deste muro desmedido.

Há-de haver uma ilha mais ao sul,
uma corda mais tensa e ressoante,
outro mar que nade noutro azul,
outra altura de voz que melhor cante.

Poesia tardia que não chegas
a dizer nem metade do que sabes:
não calas, quanto podes, nem renegas
este corpo de acaso em que não cabes.


José Saramago
à(s)

3 comentários:

  1. samuel2 de janeiro de 2011 às 12:35

    Bela entrada!
    Entra, Saramago... estás em casa.

    Abraço.

    ResponderEliminar
  2. Maria2 de janeiro de 2011 às 15:54

    Começaste muito bem a 'época' Saramago aqui no Cravo. Esperamos os próximos, os possíveis.

    Um beijo grande.

    ResponderEliminar
  3. Graciete Rietsch2 de janeiro de 2011 às 20:13

    Muito bem escreve SARAMAGO!!!!

    Mas há-de chegar o dia em que a poesia possa livremente cantar o MUNDO NOVO.
    Não foi para ti, querido camarada e PRÉMIO NOBEL, nem há-de ser para mim.
    Mas o dia chegará, graças também a ti que por ele sempre batalhaste.

    Um beijo.

    ResponderEliminar