É DE HOMEM!

O facto de a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado ter ocorrido na sequência da audição de Oliveira e Costa no Parlamento, é digno de registo.
Não tanto porque Oliveira e Costa tenha produzido revelações sensacionais: na verdade, ele não disse praticamente nada de novo, podendo dizer-se, até, que quase tudo o que revelou já tinha sido objecto de notícias em vários jornais no decorrer dos últimos meses.

O que, na realidade, é novo é a postura de Oliveira e Costa em relação a Dias Loureiro, este seu passar ao ataque (ou ameaçar fazê-lo...), visto que a sua ida ao Parlamento foi como que a afirmação pública de que não está disposto a ser o único culpado e que, se for caso disso, revelará... tudo o que sabe.
Que é muito, certamente. Que envolverá outros, certamente.
(E que, por isso mesmo, provavelmente nunca virá a ser integralmente revelado...)

Ora tudo leva a crer que, isto digo eu, mais do que tudo, foi este aviso que levou Dias Loureiro a demitir-se do Conselho de Estado.
Porque, uma coisa era o processo avançar até onde avançasse, mas com os principais envolvidos bem encostados uns aos outros; outra coisa, bem diferente, será (seria...) cada um começar para aí a dizer o que sabe de cada um...

Quem não vê as coisas por este prisma é o Presidente da República.
E muito provavelmente é ele, e não eu, quem está certo.
De facto, como estamos lembrados, um dia - quando era primeiro-ministro e tinha chamado ao seu Governo vários dos agora implicados no caso BPN - Cavaco Silva garantiu-nos que nunca tinha dúvidas e raras vezes se enganava.
E foi, certamente, essa mesma coragem de afirmar que o levou agora, segundo o Público, a garantir «não ter "nenhuma razão" nem "nenhuma informação" que o levem a perder a confiança no seu conselheiro».
É de homem!

7 comentários:

  1. Sacaste-me um sorriso, lamentavelmente. Preferia sorrir por outras razões.
    Enfim, temos na praça pública o que já se previa, e no pr o mesmo ar angelical de quem come bolo-rei com a boca toda... aberta...

    Um beijo grande

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  2. Para ter pedido a demissão (finalmente!! tardiamente!!)de facto só pode temer as consequências de não o fazer, ou seja, revelações ainda mais comprometedoras. O que me indigna é mesmo o despudor com que esta gente se move nos corredores que deveriam albergar gente de bem, gente séria e empenhada no destino de um país... E a justiça a permitir o desfile impune desta corja!
    beijos,
    Sílvia MV

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  3. Não sei porquê lembrei-me dos Contêmporaneos e da rábula dos panisgas...
    Não sei porquê lembrei-me da demissão de um tal minisdtro, hoje administrador de uma das maiores firmas construtoras, que se demitiu do cargo quando a Ponte de Entre os Rios caiu, dizendo "Que a culpa não pode morrer solteira!"
    Não sei porquê...tu sabes?

    beijos

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  4. Talvez eu esteja enganado mas creio que o PR quebrou uma tradição que havia do PR nomear para o CE pessoas de vários quadrantes políticos e que foi assim que dirigentes do PCP tiveram lá assento (antes da era CS).
    Parece-me que, agora, o CE é uma espécie de bloco central.
    Foi desta forma que Dias Loureiro lá foi parar. Era amigo. Tinha sido, salvo erro, chefe da campanha eleitoral de CS. Não é pouca coisa. Todos estes amigos-uns-dos-outros deviam tirar as devidas conclusões.
    Parece que pessoas deste círculo do BPN contribuiram para a campanha eleitoral de CS:
    http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1351266
    Seria bom que isso fosse esclarecido publicamente. A ser verdade, não seria um gesto natural (para quem gosta de falar em moralidade) devolver o dinheiro? Repito: a ser verdade o que o jornal diz...

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  5. É um problema antigo de Cavaco... "não ter nenhuma razão".

    Abraço.

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  6. Maria: lamentavelmente, pois, mas não volta a dar-lhe...
    Um beijo grande.

    Sílvia MV: mistérios da política de direita...
    Um beijo amigo.

    Ana Camarra: também não sei por que é que me lembrei de tudo isso...
    Um beijo.

    Jorge: o PR escolheu um Conselho de Estado à sua imagem e dimensão: por isso, não convidou nenhum comunista - ao contrário do que era hábito.
    Um abraço.

    samuel: e também está um bocado carente de informação...
    Um abraço.

    Antonio Lains Galamba: e, ou estou a ver mal, ou são cada vez mais...
    Um abraço.

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