POEMA

ESTA DIVINA VONTADE DO POVO


Fixa a rota firme o navegante. Nada que impeça
a viagem pode interpor-se, porque nada é maior
do que esta divina vontade do povo. Quem
o atacar que se detenha ao pé do dia luminoso,
procure os ossos enterrados,
oiça os idos lamentos das crianças e humedeça as
mãos com o sangue,
o bem amado sangue, a água vermelha e torrencial
que molha
a pele do rosto.

Não procuraremos o pão, mas a sonoridade azul
do trigo. No alto, tinge o ar
uma canção de muitas vidas novas. Tem a vida
um resplendor, uma desperta rosa de rocio,
um cálido declínio.
Não morre em vão, tontamente.
Vive na sua paz o navegante,
vive, para guiar a nave ao seu destino.
Quem duvide, perdeu toda a esperança.
Quem o ame tem de lutar e amar,
fortalecer as mãos para a criação,
jamais compadecer-se.


Joaquin González Santana

7 comentários:

  1. "No alto, tinge o ar
    uma canção de muitas vidas novas."

    Sim... pois todo o viajante precisa de um farnel.

    Abraço

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  2. Não conheço este poeta, mas gotaria de conhecer este poema no original...
    Uma ideia fortíssima no poema: "não procuremos o pão, mas a sonoridade azul do trigo"

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  3. Lindíssimo.
    Que fonte é essa, Fernando Samuel, à qual vais buscar tanta poesia? De cada vez que cá volto, essa fonte parece-me inesgotável. caramba.
    Beijinhos

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  4. Uma canção de muitas vidas novas, e que Luta!
    Abraço e Bom Fim de Semana

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  5. Lindíssimo! e mais um que só conheci aqui...
    Obrigada

    Um beijo grande

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  6. Ana Camarra: é bonito, não é?
    Um beijo.

    samuel:... e de um rumo...
    Um abraço.

    Justine: a tradução e de Manuel de Seabra; não tenho o original.
    m beijo.

    Sal: é a fonte inesgotável da Poesia...
    Um beijo.

    Ludo Rex : a nossa luta.
    um abraço.

    Maria: Também acho.
    Um beijo grande.

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