POR ISSO LÁ ESTÁ...

Não vão longe os tempos (é tudo relativo, não é verdade?) em que Durão Barroso - de punho cerrado, rosto severo e voz estridente ... e, diga-se em abono da verdade, um bocadinho histérica - proclamava que «O imperialismo norte-americano é um tigre de papel!» e exigia «morte ao capitalismo, já!».
Como estamos lembrados, estes gritos de guerra eram acompanhados de outros, não menos guerreiros - regra geral bem mais assanhados até - contra aquilo que, para ele e para os seus colegas de revolução gritada, constituía, afinal, o inimigo a abater, o inimigo principal: o PCP, pois claro - que brindavam, no mínimo, com disparos deste género: «morte aos revisionistas!», «morte aos sociais-fascistas».

Entretanto, o tempo foi passando e Barroso foi com o tempo...
Começou por abichar umas migalhas debaixo da mesa do poder, foi comendo as ditas e engraxando os sapatos dos que lhas forneciam e foi-se afeiçoando ao lugar.
Um dia, um dos donos estalou os dedos e assobiou, e o fiel Barroso saíu de debaixo da mesa, todo sorridente, limpando migalhas da boca e da camisa, lambendo os beiços e desfazendo-se em jeitos e olhares de gratidão canina.
Foi então que percebeu que tinha o futuro assegurado. E sentou-se. Não à mesa, porque a ela nunca terá lugar, mas no respectivo banquinho, suficientemente baixo para se ver que continuava sentado aos pés do dono.

Pronto, estava lançado: adeus revolução, já; qual imperialismo, qual carapuça...
E, como estava previsto, foi primeiro-ministro. E cumpriu - durante o tempo que lhe foi pedido executou à maneira a política de direita seguindo estritamente as ordens do dono.
Depois, foi mandado às Lages com a tarefa de servir as bebidas aos três criados dos patrões maiores e, mais uma vez, cumpriu: serviu. Serviu bem.
Tão bem que foi promovido e partiu, com guia de marcha, para a Europa.
E lá está.

Agora, atrelado ao colega francês (o baixinho...), viajou até à Casa Grande em funções «europeias»...
Objectivo da visita: propor ao Chefão... o que o Chefão lhes disse para proporem quando os chamou lá: uma conferência para acabar com a crise do capitalismo...
E vai haver conferência.
Não para acabar com a crise do capitalismo, mas, como decretou o Chefão, para acabar com a crise do «capitalismo democrático» - que soa melhor e dá mais jeito...
Foi o que o Barroso quis ouvir.
E agora, quem o quiser ver e ouvir, vê-o e ouve-o feliz a dar vivas a este «capitalismo democrático»... nascido da actual crise do capitalismo.

Mas, voltando ao princípio: do Barroso de antanho, o que resta?
O essencial: o Barroso da Comissão Europeia é, no mínimo, tão anticomunista como era o Barroso da revolução, já!
Por isso lá está.

15 comentários:

  1. O Barroso é um dos melhores praticantes do lambebotismo.

    Um abraço

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  2. Exactamente, no seu intimo é o mesmo!

    beijos

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  3. um cobarde que mete nojo.

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  4. Há quem lhe siga as pisadas e há quem as queira seguir. Ele, infelizmente, não está só!

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  5. Pois é... e lá se agacharam os dois deste lado ao do lado de lá...
    E como dizes o essencial está lá: o seu anticomunismo mais-que-primário.

    Um beijo grande

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  6. A garantia que ele dá, é a que eles lhe exigem, para merecer o crédito, e outras coisas que eu não vou dizer,porque estão á vista de quem queira ver.
    Abraço

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  7. Quem tiver a pachorra e presença de espírito para ver para além da profunda alergia e irritação que a figura nos provoca... será recompensado com a visão de uma das maiores anedotas da nossa História recente.
    O homem esmaga qualquer uma das suas caricaturas!

    Abraço

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  8. Essa do Capitalismo Democrático... Esse senhor e a sua corja são culpados, eles são os culpados. Gostaria de os ver responsabilizados pelos seus actos...
    Abraço

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  9. "Tudo isto será teu, se me adorares!
    (...)E o Barroso disse SIM!"
    É desta massa que se fazem os nossos dirigentes.
    Abraço camarada

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  10. capitalismo democrático?
    nunca tal tinha ouvido!
    deve ser tão democrático, como ele e os amigos...

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  11. não rima, não soa bem, não encaixa... capitalismo democrático??? não existe, não encaixa, não soa bem...


    abraço

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  12. Se isto que tinhamos é o "capitalismo democrático", nem quero nem pensar no que virá a ser o "capitalismo fachista"... Ou melhor até tenho um vislumbre do que querem fazer pelo que fizeram já no Chile do Pinochet nos anos 70... Alguém me arranja uma Kalash?

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  13. O teu texto trouxe-me à memória 'isto' que o Adriano cantava:
    O senhor Morgado vai na sege rica
    Todo repimpado, ai que bem lhe fica.
    O Chapéu armado e a comenda ao peito,
    E o espadim ao lado, que homem tão perfeito.

    Deputado eleito, muito bem votado,
    E ela da janela, eleições à porta
    Vai para o Te-Deum,
    Seja Deus louvado.

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  14. alex campos: e com larga experiência...
    Abraço.

    ana camarra: essa é a sua essência.
    Um beijo.

    antuã: e cheira mal...
    Um abraço.

    maria teresa: infelizmente está muito, muito acompanhado.
    Um beijo.

    maria: isso está-lhe no sangue...
    Um beijo grande.

    poesianopopular: ele está lá para fazer o que for preciso.
    Um abraço.

    samuel: é que se chama superar a própria caricatura...
    Um abraço.

    ludo rex: um dia serão responsabilizados.
    Um abraço.

    aristides: e eles adoram...
    Abraço.

    júlio: é mais ou menos como a democracia deles...
    Um abraço.

    antonio lains galamba: pois não...
    Um abraço.

    chalana: arranjo-te...um abraço amigo.

    hugo besteiro: obrigado pela visita.
    Um abraço.

    lúcia: bem lembrado.
    Um beijo.

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