POEMA

A QUEIMA DOS LIVROS


Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte,
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos.
Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.

Queimai-me!, escreveu com pena veloz, Queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso!
Ordeno-vos: Queimai-me!


Bertolt Brecht
(por ocasião da queima de livros, em Berlim, em Maio de 1933)
à(s)

4 comentários:

  1. Anónimo10 de maio de 2011 às 20:00

    Foram capazes de queimar livros, sem entender o que faziam.
    É um dia para não esquecer.

    (Jorge)

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  2. Graciete Rietsch10 de maio de 2011 às 22:37

    Este poema é uma homenagem muito forte à honestidade e à coerência.

    Um beijo.

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  3. GR11 de maio de 2011 às 14:35

    Belíssimo e sentido poema.
    Sentimos a dor do poeta, vemo-lo de cabeça levantada, voz grave e lágrimas de raiva.
    Não podemos nunca esquecer a Noite de Cristal!

    BJS,

    GR

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  4. Fernando Samuel11 de maio de 2011 às 17:00

    jorge: e que o Brecht soube captar...
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: sem dúvida!
    Um beijo.

    GR: para que... fascismo, nunca mais!
    Um beijo.

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