POEMA

GRITO NEGRO


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!


José Craveirinha

6 comentários:

  1. O mundo está precisar de grandes "incendios"...

    Abraço.

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  2. O carvão que arde iluminando e aquecendo tal como os povos que lutam pela sua emancipação.

    Um beijo.

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  3. Grande poeta, José Craveirinha. Um grande bem haja ao vosso colectivo que estima e aprecia excelente poesia.

    (Jorge)

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  4. Precisamos de uma grande combustão na sociedade...(gosto muito deste poeta:))

    beijo,

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  5. Este poema é fortíssimo. E eu gosto do Craveirinha!

    Um beijo grande.

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