POEMA

COMBOIO


XXX


(Soneto torto, improvisado depois de conversar sobre Arte com um filho preso. É impossível fazer versos bons quando se sofre. A poesia nasce do frio e do desdém.)


Onde estás, chave perdida
daquela sala
onde eu dantes guardava vida
para depois imaginá-la?

Quarto às escuras
em que nenhuma chave
agora cabe
nas fechaduras...

Sala deserta
onde nunca entraria
mesmo que encontrasse a porta aberta.

Não, não quero tornar a inventar a vida
nem dar lógica de beleza à dor
no quarto da chave apodrecida.


José Gomes Ferreira
à(s)

5 comentários:

  1. samuel17 de setembro de 2010 às 17:30

    Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. samuel17 de setembro de 2010 às 17:34

    Por vezes são coisas como a beleza e a reinvenção da vida que nos ajudam a saír dos lugares mais escuros e sinistros...

    Abraço.

    (o comentário apagado era este... e não faço ideia de que "bug" é que o apagou sem eu querer...)

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  3. Graciete Rietsch17 de setembro de 2010 às 21:58

    A pesia é uma maneira muito bela de exprimir sentimentos.
    E José Gomes Ferreira era um Mestre.

    Um beijo.

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  4. GR17 de setembro de 2010 às 22:42

    José Gomes Ferreira,
    Sempre o poeta militante que nos comove com as suas palavras.

    Bjs

    GR

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  5. Fernando Samuel18 de setembro de 2010 às 16:17

    samuel: como falar sobre Arte com um filho preso...
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: um Grande Mestre.
    Um beijo.

    GR: uma certa maneira de militar...
    Um beijo.

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