POEMA

SALA DE CONCERTOS


X


(Primeiro intervalo no Teatro de S. Carlos. Sorrimos uns para os outros. «Então como está?» «Há muito que não o via!»... Musgo. Teias de aranha nos ouvidos. Fascismo de «smoking». Passo pelos corredores escondido atrás de mim mesmo.)


Disseram-lhes
que estavam vivos
por disciplina de cemitério.

E todos acreditaram
já com os pés em ângulos rectos.

Mas vivos que são?
Mortos incompletos.


José Gomes Ferreira

5 comentários:

  1. Raramente vi um melhor retrato do "foyer" do S. Carlos dessa época... e se calhar, agora... :-)

    Abraço.

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  2. Que frase de remate..."Vivos são mortos incompletos". Há quem o seja, sim... E no cenário descrito, provavelmente haveria uns quantos...
    Um beijo,

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  3. Como eu gosto desta lucidez e desta ironia!

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  4. samuel: estou em crer que sim...
    Um abraço.

    Maria: a acertar no alvo...
    Um beijo grande.

    smvasconcelos: é mais do que certo...
    Um beijo.

    Justine: é espantoso este Zé Gomes.
    Um beijo.

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